Partindo do enquadramento do contexto sociolinguístico e da caracterização do ensino-aprendizagem do Português, Língua Segunda/Estrangeira, no Senegal, pretende-se nesta intervenção, através de uma análise descritiva do conteúdo dos manuais em uso, identificar o que está a ser ensinado, já que no contexto em observação, os manuais parecem ter um elevado poder de regulação.
Explicitando as diferentes dimensões do manual escolar como �voz�, �autoridade� no ensino-aprendizagem de uma língua estrangeira, levantaremos algumas interrogações sobre a adequação do conteúdo desses materiais, no tempo e no espaço, às necessidades de aprendizagem, perspectivando o seu papel num contexto intercultural.
Concebido ao mesmo tempo como um instrumento de difusão da língua portuguesa e como guia de actuação pedagógica dos professores, substituindo a própria formação do professor; deverá o manual de Português, Língua Estrangeira/Segunda, ou de uma Língua Estrangeira em geral, ter a mesma configuração em diferentes num contexto intercultural? Permitirá um verdadeiro diálogo de culturas? Trata-se de de uma nova concepção do manual de língua estrangeira que necessitará de uma pedagogia intercultural possibilitando um desenvolvimento da capacidade de comunicação com outrem, na cooperação como no conflito num mundo multicultural e interdependente.
Antes de mais gostaria de agradecer a possibilidade que me foi concedida de participar neste IX Congresso Internacional bem como a oportunidade para trocar informação e experiências com os participantes nestes trabalhos.
Uma parte desta intervenção foi apresentada em �O Ensino do Português L2 no Senegal. Contributo para uma compreensão do ensino-aprendizagem do Português no estrangeiro�, tese de mestrado defendida em Julho de 2007 na Universidade do Minho.
Nesta comunicação, coloco-me, sobretudo, na perspectiva da situação de ensino-aprendizagem do Português, língua estrangeira/segunda no Senegal, em regime presencial, falando na natureza e papel do manual escolar nesse âmbito, sem, no entanto, perder de vista a hipótese de perspectivar a ideia de uma pedagogia intercultural. Não basta reconhecer que é relevante relacionar língua e cultura mas é preciso saber como e com o quê fazê-lo na medida em que permanecem ainda graves espaços vazios na pesquisa em Didáctica das Línguas e Culturas Estrangeiras como o estudo do papel do manual escolar em contexto intercultural.
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