Sónia Rodrigues, Teresa Pessoa, Joao Amado
Situados num mundo globalizado, assistimos a um salto quantum, uma viragem semprecedentes na sociedade em geral e na escola em particular. As tecnologias da informação parecem responsáveis por conduzir a nossa existência a novas paisagens e novos modos de conhecer, de ser e de fazer, tornando-se clara a necessidade de repensar os processos educativos atuais. Pretende-se, com este trabalho, desenhar novo(s) olhar(es) sobre quem ensina e quem aprende através do reconhecimento do valor dos desafios que hoje se acredita poderem concorrer para a (re)construção do perfil ético dos professores na sociedade do conhecimento. A revisibilidade da aprendizagem, a preparação ética do professor, a inovação, a escuta e colaboração entre professores e alunos, bem como a promoção de pensamento(s) e atitudes reflexivos e críticos, capazes de conduzir à passagem da “consciencialização” à “conscientização" e de tornar o aluno um pensador e sujeito ativo, constituem alguns dos principais fundamentos teóricos do trabalho que nos propomos apresentar.Do ponto de vista metodológico, a investigação inscreve-se num paradigma de natureza qualitativa, de matriz fenomenológica e interpretativa e sócio-crítica, com características de estudo de caso, de tipo instrumental, na medida em que a partir do ponto de vista dos participantes, inseridos no seu contexto natural, procurámos compreender uma realidade mais vasta, o perfil ético dos professores.No sentido de construir uma visão integrada do objeto, o trabalho que apresentamos assenta na análise de conteúdo de entrevistas realizadas junto de 12 alunos do último ano do ensino secundário (12º ano), e na análise de conteúdo de composições subordinadas ao tema “direitos e deveres dos professores”, solicitadas a duas turmas compostas por alunos do referido ano escolar, de uma escola do distrito de Santarém (Portugal). Com ele procuramos contribuir para a construção de conhecimento no campo da ética docente, concorrendo para um debate em torno das questões relacionadas com os direitos e os deveres dos professores.Este trabalho invoca, assim, o pensamento dos alunos, partindo de dois pressupostos básicos: o primeiro é de que estes alunos são capazes de uma atitude reflexiva e de um pensamento crítico tanto mais consistente quanto se trata de sujeitos no términos de um longo período de suas vidas em que permaneceram numa relação direta com professores; e o segundo, é de que a sua voz pode oferecer preciosos contributos para o debate sobre o perfil dos professores. Foi com base na sua escuta que elaborámos a Carta de direitos e deveres dos professores, que se pretende submeter a análise crítica. Trata-se de um documento em que se sintetizam, caracterizam e interpretam, de forma lapidar, o(s) olhar(es) dos alunos e se fazem aproximações a ter em conta na construçãoda identidade do professor da era do conhecimento.
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