Francisco Calvo del Olmo (coord.), Xoan Carlos Lagares Díez (coord.)
O portuñhol pode ser descrito, mais do que como uma língua concreta, como um feixe de práticas híbridas, heterogêneas, mestiças e mutáveis. Contudo, apesar de sua presença na vida cotidiana e na autopercepção das comunidades de falantes, ele ficou relegado à periferia dos estudos do espanhol e do português, tradicionalmente impregnados pela ideologia da pureza linguística. Percorrer as páginas desta obra nos convida a uma aproximação desse objeto complexo e poliédrico desde múltiplas perspectivas, explorando os contatos históricos, geográficos e culturais entre essas duas línguas irmãs e vizinhas. São diversos olhares e pressupostos teóricos mobilizados pelos/as autores/as pertencentes ao âmbito acadêmico latino-americano e europeu. Todas/os elas/es partilham a vivência particular desse espaço fronteiriço de convivência entre o espanhol e o português em suas próprias experiências de vida. Nas situações, aspectos, cenários examinados ao longo das páginas da obra, o portuñhol emerge, se faz, se forma e transforma, se mostra como é, o que é e como funciona. A obra traz respostas sugestivas, mas em nenhum caso taxativas para as duas perguntas formuladas no título e compõe um retrato plural do portuñhol, finalmente transformado em absoluto protagonista de um entrelugar que recusa definições categóricas e é, em muitos sentidos, salvagemente indomável.
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