A generalização dos novos media (internet, videogames, DVD, etc.) e de novos suportes físicos para a escrita (ecrãs de telemóvel e de computador, Twitter) desencadeou um vasto desenvolvimento da produção e circulação de histórias, criando ao mesmo tempo novos constrangimentos físicos e novas “linguagens” que vieram modificar as formas e os géneros literários tradicionais (romances, novelas, contos). As novas práticas materiais de produção textual permitiram a criação de formas narrativas minúsculas que circulam em livro e na imprensa escrita, mas também em blogs, e-books e telemóveis (literatura digital). Daí a reativação da criação e do consumo de narrativas breves e ultrabreves, que surgiram há cerca de cem anos no contexto do modernismo, das vanguardas e da cultura de massas.
Organizado no âmbito do projeto de investigação Mutações do conto nas sociedades urbanas contemporâneas: exuberância e minimalismo, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, o Simpósio Internacional Microcontos e outras microformas debruçou-se sobre este fenómeno que se situa na interseção do conto tradicional, da literatura e do folclore urbano e que constitui uma parte relevante do universo das narrativas urbanas.
Esta publicação reúne as intervenções dos participantes no Simpósio que teve lugar no Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho, nos dias 6 e 7 de outubro de 2011. Vindos de Espanha, França, Brasil, Polónia, Tunísia, Israel e, obviamente, Portugal, especialistas e estudiosos de micronarrativas em Português, Francês, Espanhol e Inglês debateram um conjunto de questões levantadas pelos microcontos, com o objetivo de descrever e de compreender os novos ou renovados regimes de escrita e de leitura que estão em jogo nesta forma hiperbreve. Tais questões, como se pode verificar pela leitura dos textos aqui compilados, são de vária ordem – genológica, intertextual, intermedial – e mobilizam conceitos e categorias como narratividade, hibridismo, paródia, pós-modernidade.
Micronarrativas, Cinema e Interatividade: Faustine e O Jardim do Tempo, dois estudos de caso
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