A quarta revolução digital, em especial por meio dos avanços na Inteligência Artificial, vem promovendo uma nova onda de automação, levando à substituição de humanos por máquinas em tarefas antes consideradas exclusivamente humanas, inclusive na educação. Tanto a automação quanto, mais especificamente, a IA, tornam urgente que repensemos nossas concepções sobre a formação humana, buscando entender que sentidos elas mobilizam e que sentidos podem ter os dois projetos associados à IA: a pretensão de recriar o humano artificialmente e a de sua substituição pela máquina. Este artigo pretende promover uma breve reflexão sobre estas questões. Para tanto, será dividido em três partes. Na primeira, tomaremos a “deixa” de declarações de Anthony Seldon para, partindo do termo “robô” e de suas origens na ficção científica, distinguir estes dois projetos distintos que o termo IA designa, bem como, a partir de considerações de Karl Marx sobre maquinaria, relacionar um destes projetos ao desenvolvimento do capitalismo. Na segunda parte relacionamos estes dois empreendimentos diferentes aos diferentes tipos de IA, questionando-nos acerca da pertinência desta distinção, tanto como da aglutinação destes tipos sob um mesmo termo geral. Por fim, na terceira, contrastamos as perspectivas de Catherine Malabou sobre os automatismos da inteligência e a distinção de Hannah Arendt entre ação e comportamento para apontar alguns caminhos possíveis no aprofundamento das reflexões sobre a automação da educação.
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