Brasil
Lélia Gonzalez’s legacy is increasingly current and necessary in a country whose echoes of racism, sexism and totalitarianism continue to trigger a perverse social system anchored in a slavery and colonialist historical formation (BOSI, 2006). In this way,it is possible to glimpse the marks of exclusion and violence that remain in the identities of women descendants of indigenous and African peoples. Lélia Gonzalez’s studies propose a careful look at such subjectivities and narratives of silenced existences, representing one of the most powerful and pioneering voices of denunciation among Brazilian studies to question a formation full of historical fissures and colonial ties. Gonzalez takes up questions linked to ancestors with timeless resistances in the face of subalternizing silencing (Spivak, 2014) that would anticipate many of the currents of thought aimed at postcolonial, decolonial and anticolonial studies produced in the country today. The fact of moving through different methodologies, acting both in militancy and in the university, is reflected in their epistemic approaches and demonstrates the courage of the theoretician and militant to unveil the overlapping layers of intersectional prejudices (Akotirene, 2019) that have always crossed the “Améfrica ladina” (Gonzalez, 1984). Therefore, this communication intends to investigate how these avant-garde ideas of confronting hegemonic knowledge and powers, in the midst of a society anchored in symbolic and real abuse and extermination, are treated in Lélia Gonzalez's work. For this, some essays gathered in the collection For an Afro-Latin American feminism [Por um feminismo afro-latino-americano] (Rios; Lima, 2020) will be analyzed, such as “Racism and Sexism in Brazilian Culture” [“Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira”] (Gonzalez, 2020, p. 75), “Racial Democracy? None of that!" [“Democracia racial? Nada disso!”] (Gonzalez, 2000, p. 201) and others, who deal with the issue imbricated to the image of Latin American women, have been making complaints for four decades and confirm the relevance of their work.
O legado de Lélia Gonzalez apresenta-se cada vez mais atual e necessário em um país cujos ecos de racismo, sexismo e totalitarismos seguem a deflagrar um sistema social perverso ancorado em uma formação histórica escravocrata e colonialista (Bosi, 2006). Dessa forma, é possível entrever as marcas de exclusão e violências que permanecem nas identidades de mulheres descendentes dos povos indígenas e africanos. Os estudos de Lélia Gonzalez propõem um olhar atento para tais subjetividades e narrativas de existências silenciadas representando uma das mais potentes e precursoras vozes de denúncia entre os estudos brasileiros a questionarem uma formação repleta de fissuras históricas e amarras coloniais. Gonzalez retoma questões atreladas a ancestralidades detentoras de resistências atemporais diante dos silenciamentos subalternizadores (Spivak, 2014) que antecipariam muitas das correntes de pensamento voltadas aos estudos pós-coloniais, decoloniais e anticoloniais produzidos no país hoje. O fato de transitar por metodologias diversas, ao atuar tanto na militância quanto na universidade, reflete-se em suas abordagens epistêmicas e demonstra a coragem da teórica e militante ao desvelar as camadas sobrepostas de preconceitos interseccionais (Akotirene, 2019) que sempre atravessaram a “América ladina” (Gonzalez, 1984). Sendo assim, esta comunicação pretende averiguar como essas ideias vanguardistas de enfrentamento de saberes e poderes hegemônicos, em meio a uma sociedade ancorada em abusos e extermínios simbólicos e reais, são tratadas na obra de Lélia Gonzalez. Para isso, serão analisados alguns ensaios reunidos na coletânea Por um feminismo afro-latino-americano (Rios; Lima, 2020), tais quais “Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira” (Gonzalez, 2020, p. 75), “Democracia racial? Nada disso!” (Gonzalez, 2000, p. 201) e outros, que tratam da problemática imbricada à imagem das mulheres latino-americanas, já realizam denúncias há quatro décadas e confirmam a atualidade de sua obra.
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