Este estudo analisa aspectos do tratamento da guerra, da violência de género, mas também das relações entre política, poesia e arte, em O Ano de 1993 (1975) de José Saramago e nas ilustrações realizadas por Graça Morais para a reedição do livro em 1987. Estabelece-se um diálogo interdisciplinar, não somente pelo facto de o texto ter sido ilustrado, mas também porque já se caracteriza por um forte pendor imagético. Após uma revisitação crítica do texto literário e do seu diálogo com o surrealismo teórico e pictórico, argumenta-se que os desenhos de Graça Morais realizam uma tradução inter-semiótica exemplar dos poemas: tanto no que diz respeito aos âmbitos temáticos referidos, como também desde o ponto de vista da construção poética e estética em geral. Os desenhos constroem uma narrativa poética que até pode ser apreciada com independência do texto saramaguiano, e que reafirma, assim, a sua mensagem política, o que justifica que a edição de 1987 seja considerada de referência
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