A partir do conceito de heterotopia cunhado por Michel Foucault e pela configuração de novos campos de saber na educação de pessoas surdas, com a emergência da perspectiva cultural, o presente artigo objetiva analisar práticas pedagógicas de professoras bilíngues atuantes em salas multisseriadas que tem a Libras (Língua Brasileira de Sinais) como língua de instrução, em escolas inclusivas, localizadas em dois municípios do estado de São Paulo. Justifica-se a pesquisa pelas novas configurações de perspectivas educacionais bilíngues para surdos, e ainda, pelas críticas dirigidas pelos surdos à proposta inclusiva, quando não se atenta às especificidades linguísticas e culturais desses sujeitos. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa com propostas investigativas do cotidiano escolar. Optamos pela descrição e análise de uma cena de uma das salas multisseriadas bilíngue inclusiva de surdos investigada. As salas bilíngues mostraram-se como espaço de resistência surda a partir da ação militante de educadores bilíngues. O artigo, portanto, pretende contribuir com educadores que também atuam com alunos surdos, resistem constantemente e buscam ressignificar suas práticas considerando sempre as singularidades de seus alunos no processo educativo.
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