Este texto visitará importantes noções da psicanálise de crianças, para depois relacioná-las, de modo reflexivo, à fenomenologia do cotidiano e à fenomenologia das relações ordinárias adulto-criança. As noções psicanalíticas aqui discutidas são: imagem do corpo (Françoise Dolto, 1984) e sentimento do real (Donald Woods Winnicott, 1982; 1990). Dolto nos apresenta uma espécie de gênese da concretude corporal da criança, nomeando as zonas erógenas como “lugares do corpo” e revelando o propiciar da capacidade humana de fantasiar, enquanto que Winnicott afirma que o sentimento do real é algo a ser experienciado, construído e mantido, por meio de um fluxo de continuidade dos cuidados (maternagem) e das relações, bem como a oferta, por parte da comunidade adulta, de experiências totais às crianças. Em busca de um olhar híbrido em termos teóricos – entre a psicanálise e a fenomenologia – a autora entretece os conceitos à luz dos Cursos na Sorbonne, lecionados por Maurice Merleau-Ponty, nos meados do século XX. Assim, pode-se engendrar uma terceira via: a perspectiva poético-existencial para o ser criança, apresentada como algo plural que nos mostra modos de ser, estar e habitar o espaço corpo próprio bem como o mundo circundante. Trata-se de uma compreensão fenomenológica da criança, apresentada, particularmente, a partir da leitura da díade adulto-criança e em constante diálogo com o olhar merleau-pontiano para a pequena infância. Disso resultam atitudes relacionais, nas quais o adulto apura sua escuta e acolhida para as maneiras de ser da criança pequena, procura positivar os fenômenos dos mundos de vida infantis, e sintoniza com algo que Winnicott definiu como concomitantes ausência e presença. Há que estar lá quando for preciso; bem como ser capaz de ausentar-se, gradualmente, de modo que a criança descubra, a seu modo e em seu ritmo, a si mesma, ao outro e às coisas do mundo, em nome do que Winnicott nomeou “o brincar livre e criativo”.
Este texto visitará importantes noções da psicanálise de crianças, para depois relacioná-las, de modo reflexivo, à fenomenologia do cotidiano e à fenomenologia das relações ordinárias adulto-criança. As noções psicanalíticas aqui discutidas são: imagem do corpo (Françoise Dolto, 1984) e sentimento do real (Donald Woods Winnicott, 1982; 1990). Dolto nos apresenta uma espécie de gênese da concretude corporal da criança, nomeando as zonas erógenas como “lugares do corpo” e revelando o propiciar da capacidade humana de fantasiar, enquanto que Winnicott afirma que o sentimento do real é algo a ser experienciado, construído e mantido, por meio de um fluxo de continuidade dos cuidados (maternagem) e das relações, bem como a oferta, por parte da comunidade adulta, de experiências totais às crianças. Em busca de um olhar híbrido em termos teóricos – entre a psicanálise e a fenomenologia – a autora entretece os conceitos à luz dos Cursos na Sorbonne, lecionados por Maurice Merleau-Ponty, nos meados do século XX. Assim, pode-se engendrar uma terceira via: a perspectiva poético-existencial para o ser criança, apresentada como algo plural que nos mostra modos de ser, estar e habitar o espaço corpo próprio bem como o mundo circundante. Trata-se de uma compreensão fenomenológica da criança, apresentada, particularmente, a partir da leitura da díade adulto-criança e em constante diálogo com o olhar merleau-pontiano para a pequena infância. Disso resultam atitudes relacionais, nas quais o adulto apura sua escuta e acolhida para as maneiras de ser da criança pequena, procura positivar os fenômenos dos mundos de vida infantis, e sintoniza com algo que Winnicott definiu como concomitantes ausência e presença. Há que estar lá quando for preciso; bem como ser capaz de ausentar-se, gradualmente, de modo que a criança descubra, a seu modo e em seu ritmo, a si mesma, ao outro e às coisas do mundo, em nome do que Winnicott nomeou “o brincar livre e criativo”.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados