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Resumen de Discurso Político Parlamentar: as esferas pública e privada na construção do locutor

Maria Aldina Marques

  • O Parlamento, no exercício das funções que lhe estão institucionalmente atribuídas, de vigilância democrática e institucional, tem como um dos seus objectivos principais questionar o Governo sobre os mais variados temas da vida nacional que considere pertinentes.

    Os debates políticos parlamentares são deste modo a forma básica de exercício do poder;

    momentos marcantes do confronto político.

    Sendo, o estatu to does) locutor(es), o de membro(s) do parlamento/governo, a sua função neste tipo de relação discursiva é, em primeiro lugar, representar o povo, através dos partidos. Ê assim previsível que os intervenientes neste tipo de debate construam identidades políticas colectivas, e mais especificamente, uma imagem de locutores colectivos.

    Confirmando-se, é certo, esta hipótese, ela revela-se contudo insuficiente para a descrição cabal da figura do locutor. Desde logo, porque o papel de porta-voz é múltiplo e multifacetado e porque a dimensão individual é fundamental na construção discursiva, em correlação com a primeira, que vai «reenquadrar» pelas ligações e recontextualizações que permite estabelecer. Nomeadamente, na vertente de autonomia que caracteriza os intervenientes no debate.

    A análise dos discursos produzidos em sede parlamentar tem permitido pôr em relevo o facto de que o locutor, no Parlamento, não é apenas o porta-voz do seu partido ou governo. Ele fala por «outras vozes». E se fala pelo povo, não deixa contudo de falar também por si próprio. A despersonalização pretendida e afirmada na função de porta-voz é sobretudo um tópico discursivo. O debate é um género hibrido, simultaneamente planeado e espontâneo, que coloca em cena diferentes níveis interaccionais. Favorece, portanto, a coexistência de processos enunciativos diversos, contrários mas não contraditórios.

    A junção destes mecanismos linguísticos de construção dos locutores cria uma relação enunciativa em que a dimensão pública e colectiva legitima a emergência da dimensão privada e individual, mas, em sentido inverso, é também legitimada por esta. Os políticos são, nos discursos, vozes de autoridade criadas pelo entrecruzar das duas vertentes, que afirmam as duplas relações de dependência/independência face ao(s) grupo(s). Esta relação dinâmica tem por base a assunção de que os actores discursivos não são nunca inteiramente determinados nem sequer nos discursos mais institucionais e ritualizados, como é o caso dos discursos parlamentares.

    Pretendemos, a partir de um caso particular, analisar algum dos processos discursivos de construção da imagem de um locutor, com destaque para as estratégias linguísticas usadas e a imagem prévia convocada, isto é, o modo como no discurso se constrói um "ethos" com base em conhecimentos pré-discursivos.


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