Esta tesis analiza las prácticas cotidianas de habitar de las mujeres paraguayas transfronterizas que residen y trabajan entre Ciudad del Este (Paraguay) y Foz do Iguaçu (Brasil), territorio que compone la tríplice frontera del Paraná, una de las fronteras más transitadas de Brasil y de América del Sur. Observa, concretamente, como las mujeres habitan ese territorio particular, como construyen hogares a través de las fronteras nacionales, cuales sentidos asignan a estos espacios y a si propias y, además, cuáles son las relaciones de género que operan en ellos. Esta investigación es resultado del trabajo etnográfico – feminista y multisituado – estructurado a partir del acompañamiento de las trayectorias de las mujeres y de la reconstrucción de sus historias de vida entre las fronteras de Paraguay, Brasil, Argentina y España. El trabajo de campo se realizó, primero, entre Ciudad del Este y Foz do Iguaçu, entre los meses de junio y agosto de 2022 y, más tarde, entre las ciudades españolas de Granada, Madrid y Barcelona, en el periodo entre septiembre de 2022 a marzo de 2023. En lugar de resaltar la dicotomía entre los hogares transfronterizos y transnacionales, este estudio reveló la configuración de una estrategia de habitar (trans)fronteriza-nacional, en que las mujeres sortean constantemente las escalas geográficas de acuerdo con la vigencia de los sistemas de desigualdad de género que operan en cada territorio y entre los territorios, con el momento de su ciclo vital, con el contexto socioeconómico individual y colectivo, y con la posibilidad de acceso a derechos. Cruzar fronteras, cortas o largas, está muy presente en el habitar de nuestras interlocutoras: sea como dimensión imaginaria o como posibilidad real y concreta de cruce. Se comprobó la hipótesis de que el mandato femenino del cuidado asume un papel central en los sistemas transfronterizos de desigualdades de género, funcionando como elemento impulsor de las movilidades transfronterizas y transnacionales femeninas, como articulador de relaciones sociales y territorios entre las fronteras y, por fin, como condicionante de sus formas de habitar y pertenecer, es decir, sus formas de ser, finalmente. Para llegar a estas consideraciones, la presente investigación se utilizó de las perspectivas teóricas del transnacionalismo; de los estudios de género, frontera y migración; así como de los estudios de la geografía crítica del hogar. La utilización del hogar como concepto y unidad analítica privilegiada, permitió cuestionar la hegemonía de los espacios públicos y productivos en el estudio de los fenómenos sociales, superar la dicotomía público-privada, analizar las relaciones de género y poder, incluir las diversas experiencias y espacialidades que conforman la movilidad contemporánea, y visibilizar la relación cotidiana entre habitantes y lugar de habitar. Finalmente, la investigación se sitúa en uno de los principales debates actuales, interpelada por nuevas formas de habitar un mundo en movimiento y un mundo donde el movimiento viene constituyéndose cada vez más como respuesta, recurso, resistencia y esperanza frente a fenómenos como guerras, crisis climáticas y aumento de las desigualdades y violencias, entre ellas, las de género. Para los/as que viven [vivemos] en las bordas, en los márgenes de la sociedad colonial-capitalistapatriarcal, es necesario “ser cruce de caminos”, como nos recuerda Gloria Anzaldúa.
Esta tese analisa as práticas cotidianas de habitar das mulheres paraguaias transfronteiriças que residem e trabalham entre Ciudad del Este (Paraguai) e Foz do Iguaçu (Brasil), território que compõe a tríplice-fronteira do Paraná, uma das fronteiras mais movimentadas do Brasil e da América do Sul. Observa, concretamente, como as mulheres habitam esse território particular, como constroem lares através das fronteiras nacionais, quais sentidos atribuem a estes espaços e a si mesmas e, ainda, quais são as relações de gênero que neles operam. Esta pesquisa é resultado do trabalho etnográfico – feminista e multisituado – estruturado a partir do acompanhamento das trajetórias das mulheres e da reconstrução de suas histórias de vida entre as fronteiras do Paraguai, do Brasil, da Argentina e da Espanha. O trabalho de campo foi realizado, primeiro, entre Ciudad del Este e Foz do Iguaçu, entre os meses de junho e agosto de 2022 e, mais tarde, entre as cidades espanholas de Granada, Madrid e Barcelona, no período entre setembro de 2022 a março de 2023. Mais que ressaltar a dicotomia entre os lares transfronteiriços e transnacionais, esta pesquisa revelou a configuração de uma estratégia de habitar (trans)fronteiriço-nacional, em que as mulheres sorteiam constantemente as escalas geográficas de acordo com a vigência dos sistemas de desigualdade de gênero que operam em cada território e entre os territórios, com o momento do seu ciclo vital, com o contexto socioeconômico individual e coletivo, e com a possibilidade de acesso a direitos. Atravessar fronteiras, curtas ou longas, está muito presente no habitar de nossas interlocutoras: tanto como dimensão imaginária, como possibilidade real e concreta de atravessamento. Comprovou-se a hipótese de que o mandato feminino do cuidado assume um papel central nos sistemas transfronteiriços de desigualdade de gênero, funcionando como elemento impulsor das mobilidades transfronteiriças e transnacionais femininas, como articulador das relações sociais e territórios entre as fronteiras e, por fim, como condicionante de suas formas de habitar e pertencer, isto é, suas formas de ser, finalmente. Para chegar a estas considerações, a presente tese se nutriu das perspectivas teóricas do transnacionalismo; dos estudos de gênero, fronteira e migração; assim como dos estudos da geografia crítica do lar. A utilização do lar como conceito e unidade analítica privilegiada permitiu questionar a hegemonia dos espaços públicos e produtivos no estudo dos fenômenos sociais, superar a dicotomia público-privado, analisar as relações de gênero e de poder, incluir as diversas experiências e espacialidades que conformam a mobilidade contemporânea, e visibilizar a relação cotidiana entre as habitantes e o lugar de habitar. Finalmente, a pesquisa se situa em um dos principais debates atuais, interpelada pelas novas formas de habitar um mundo em movimento e um mundo onde o movimento vem se constituindo cada vez mais como resposta, recurso, resistência e esperança diante de fenômenos como guerras, crises climáticas e acentuação das desigualdades e violências, entre elas, as de gênero. Para os/as que vivem [vivemos] nas bordas, nas margens da sociedade colonialcapitalista- patriarcal, é preciso “ser cruce de caminos”, como nos lembra Gloria Anzaldúa.
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