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Resumen de Envolvimento da relação de ajuda enquanto intervenção psicoterapêutica de enfermagem

Joana Catarina Ferreira Coehlo

  • Introdução: Em Portugal, a implementação de intervenções psicoterapêuticas em Enfermagem encontra-se regulamentada como uma competência específica dos enfermeiros especialistas em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica. No entanto, estes enfermeiros deparam-se com diversas dificuldades na sua prática para conseguirem implementar este tipo de intervenções, pois existem lacunas significativas quanto à sua estrutura, conteúdos e sistematização. Na literatura é descrito que a relação de ajuda profissional pode ser considerada uma intervenção de Enfermagem. Importa, no entanto, compreender as suas caraterísticas, conteúdos e procedimentos, por forma a ser validada enquanto intervenção psicoterapêutica de Enfermagem, baseada em conhecimento de Enfermagem e exequível por enfermeiros especialistas em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica.

    Objetivos: desenvolver e avaliar a validade de conteúdo da relação de ajuda profissional enquanto intervenção psicoterapêutica de Enfermagem, e desenvolver os instrumentos necessários para posterior avaliação da eficácia da relação de ajuda profissional em contexto clínico.

    Métodos: Esta investigação foi operacionalizada através de quatro estudos. O primeiro tratou-se de uma scoping review, com recurso às bases de dados online MEDLINE with full text via EBSCOhost, CINAHL Plus with full text via EBSCO, Web of Science Core Collection via Web of Science, Scopus via B-on, ScienceDirect via B-on e consulta das referências bibliográficas dos artigos incluídos. O instrumento de extração de dados foi elaborado com base no modelo preconizado pelo Joanna Briggs Institute. O segundo estudo consistiu num e-Delphi modificado no qual os dados foram colhidos entre janeiro e maio de 2018 por via de duas rondas de questionários online. O terceiro estudo comportou um estudo psicométrico em que foi realizada a adaptação cultural e a avaliação das propriedades psicométricas do Resultado “Cognição” da Classificação de Resultados de Enfermagem (NOC) numa amostra de adultos portugueses com doença mental. O quarto estudo visou o desenvolvimento de uma escala de avaliação da qualidade da relação terapêutica, na perspetiva do enfermeiro, através da revisão da literatura e posterior grupo de peritos, compreendendo também a avaliação das propriedades psicométricas da escala, com recurso a uma amostra de 221 enfermeiros especialistas em Enfermagem 23 de Saúde Mental e Psiquiátrica. A confiabilidade foi avaliada através da consistência interna e a validade de construto foi avaliada por meio da análise fatorial exploratória, da Classic Horn’s Parallel Analysis, e do Pure Exploratory Bifactor. Por fim, com todos os resultados dos estudos referidos foi elaborado um manual de operacionalização da relação de ajuda enquanto intervenção de Enfermagem.

    Resultados: No primeiro estudo foram encontrados 729 artigos e foram identificados 13 registos adicionais. Após a análise de toda a literatura foram reunidos dados relativos ao objetivo da relação de ajuda profissional, sendo que, os dados recolhidos apontam para capacitação da pessoa para a resolução de um problema. O stress, a culpa, as alterações do humor, a baixa autoestima, a ideação suicida, a perturbação da imagem corporal, e a incapacidade de interagir de modo satisfatório com o próprio ou o ambiente que o rodeia foram os principais problemas encontrados em que a relação de ajuda profissional poderia dar resposta. Quanto às competências e atitudes do enfermeiro salienta-se a aceitação incondicional, a empatia e a capacidade de não julgar o outro. Por fim, este estudo revelou ainda que a relação de ajuda profissional se concretiza num conjunto de fases, nas quais existem atividades especificas que as concretizam. O segundo estudo permitiu consensualizar o objetivo da relação de ajuda profissional, quais os seus pressupostos e as competências chave associadas ao enfermeiro para a sua implementação, tendo consenso perfeito a empatia, compreensão, capacidade de não julgar, honestidade e capacidade de escuta. Possibilitou ainda consensualizar os focos de atenção para a prática de Enfermagem1 que podem originar diagnósticos de Enfermagem passiveis à prescrição desta intervenção, sendo os focos autoestima, luto e ansiedade aqueles que obtiveram maior consenso entre os peritos. Por fim, os procedimentos/conteúdos/atividades a concretizar em cada sessão da intervenção foram também sujeitos à avaliação dos peritos, destacando-se a escuta ativa, a clarificação do diagnóstico de Enfermagem, a identificação dos recursos da pessoa, a identificação de estratégias para a resolução do problema e o treino das mesmas. No terceiro estudo a versão final em português europeu do resultado NOC “Cognição”, composta por 13 itens, apresentou boas 1 Área de atenção relevante para a prática de Enfermagem.

    24 propriedades psicométricas e a análise fatorial exploratória realizada identificou apenas um fator. Com o estudo número quatro foi desenvolvida a Therapeutic Relationship Assessment Scale – Nurse, com consistência interna total (alpha de Cronbach) de 0.93, variando de 0.78 a 0.88 para cada um dos fatores. A escala apresentou boa estabilidade temporal (ICC=0.86), mostrando um bom ajustamento tanto a uma estrutura de quatro fatores como a uma estrutura unidimensional. Por fim, o manual permitiu a compilação de todos os resultados dos estudos anteriores.

    Conclusão: o facto de se ter atingido consenso acerca dos conteúdos e procedimentos da relação de ajuda enquanto intervenção psicoterapêutica de Enfermagem parece ser importante para orientar os enfermeiros especialistas em ESMP na execução de intervenções psicoterapêuticas de Enfermagem e permitir que esta intervenção se possa tornar útil na capacitação das pessoas para a resolução de problemas, essencialmente, emocionais.

    Palavras-Chave: Enfermagem psiquiátrica; Relações enfermeiro-paciente; Psicoterapia; Cognição; Psicometria.


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