Caterina Alexandra Rodrigues Faria Lobão
A doença celíaca é tida como a intolerância alimentar mais frequente no mundo, constituindo um emergente problema de saúde pública com forte impacto na saúde, nas práticas alimentares e na qualidade de vida da pessoa. Todavia, pouco conhecemos sobre a percepção de qualidade de vida da pessoa celíaca adulta e quais os factores que a influenciam.
Para tal, privilegiando uma abordagem do tipo quantitativo, desenvolvemos um estudo descritivo, correlacional e transversal com uma amostra de 231 pessoas celíacas adultas que acederam preencher o instrumento de recolha de dados constituído por um questionário sócio-demográfico, o Celiac Disease Questionnaire (CDQ), a Escala de Locus-de-Controlo de Saúde e o Medical Outcomes Study Social Support Survey (MOS-SSS). Eram nossos objectivos: i) calcular as propriedades métricas da versão portuguesa do CDQ; ii) caracterizar a percepção de qualidade de vida conjugando o impacto das variáveis sócio- demográficas e clínicas; iii) caracterizar a percepção de locus de controlo e de apoio social da pessoa celíaca adulta; iv) verificar a existência de relações significativas entre a percepção da qualidade de vida, o locus de controlo e o apoio social; e v) apresentar propostas, fundamentadas nas evidências científicas e nos resultados da avaliação da percepção da qualidade de vida e seus determinantes, que potenciem comportamentos em saúde da pessoa celíaca adulta.
A amostra em estudo evidenciou uma razoável percepção de qualidade de vida, bom apoio social e baixo locus de controlo. Quanto às variáveis sócio- demográficas, clínicas e psicossociais, o sexo, a idade, o estado civil, a religião, o rendimento mensal, a idade de diagnóstico e as razões para a sua procura, o tipo de confirmação diagnóstica, o tipo de acompanhamento clínico, o cumprimento da dieta isenta de glúten, a pertença a associações de celíacos, a percepção de apoio social e a de locus de controlo de saúde revelaram correlações estatisticamente significativas com a percepção de qualidade de vida global e nas suas quatro dimensões.
Conclui-se assim que, as mulheres, os mais velhos, os de diagnóstico tardio e que apresentam nesse momento mau estado geral, os que não cumprem dieta isenta de glúten, os não sócios da APC, os que acreditam que o controlo da sua saúde está dependente dos outros e os que têm menor apoio social, por apresentarem percepção de pior qualidade de vida, podemos considerá-los como grupos de risco no que concerne à adopção de comportamentos de saúde adequados à sua situação clínica.
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