Nos séculos XII e XIII, dois movimentos se desenvolviam intensamente na Europa ocidental: de um lado, os sacerdotes da Igreja Católica, a começar por Bernardo de Claraval, constroem uma teologia que se contrapõe à doutrina hegemônica da instituição; de outro, os jograis, de posse de uma linguagem requintada e sedutora, conquistam amplas audiências, exercendo influência em todas as camadas sociais. Nesse mesmo período, propaga-se o culto à Virgem Santíssima, cujas histórias de aparições se multiplicam, a quem se edificam igrejas e se oferecem festas e peregrinações. Inspiradas naqueles reformadores cristãos, algumas narrativas de milagres marianos passam a trazer o jogral, em pleno exercício de suas habilidades artísticas, como protagonista. Na nossa pesquisa, vamos investigar como o novo discurso religioso foi construindo e forjando progressivamente essa personagem, que denominamos “jogral devoto”, integrando-a numa estratégia evangelizadora. Além disso, caracterizaremos a sua performance tanto da perspectiva do emissor como do receptor e identificaremos o papel do elemento sobrenatural nessas relações.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados