Ana Patrícia de Magalhâes Ferreira
O ensino de línguas estrangeiras na Europa parece assentar, cada vez mais, na relação indissociável entre língua e cultura, fruto, entre outros, das políticas educativas e dos fenómenos sociais e culturais de uma sociedade cada vez mais global. Assiste-se, pois, a uma aposta na vertente multicultural da educação para o trabalho de questões de cidadania e identidade nas escolas ao nível Europeu.
A educação linguística será vista como o veículo transmissor ideal do sentimento de pertença, da partilha de uma herança social e cultural, da criação e fortalecimento das noções de identidade e cidadania e é resultante da noção de que a Europa se deve unir em torno de políticas e iniciativas que promovam essa mesma educação.
No entanto, mesmo dentro deste cenário, identificam-se lacunas no ensino de línguas estrangeiras às crianças, pois estas não parecem ser plenamente consideradas enquanto indivíduos e cidadãos, sobretudo devido à sua idade e dependência de adultos, o que poderá condicionar o seu acesso a uma experiência de aprendizagem mais completa e eficaz. Este trabalho procura demonstrar que é possível trabalhar as temáticas de cidadania e identidade com todas as crianças, no presente, fazendo uso das suas atuais capacidades e interesses, e não tendo apenas em vista a sua futura existência e atuação enquanto adultos.
Haverá também uma disparidade muito grande de métodos e recursos utilizados no ensino de línguas a crianças, em virtude das características e realidades educativas de cada país Europeu e, tendo consciência da necessidade de adaptar esses mesmos métodos, estratégias e até materiais didáticos à realidade de cada país, será útil encontrar pontos de contacto e partilha que possam enriquecer e aumentar a confiança, a motivação e melhorar o desempenho de todos os envolvidos.
Assim, busca-se o reconhecimento da importância do ensino/aprendizagem de Inglês neste contexto, já que, tal como vários autores referem, este processo de ensino/aprendizagem, quando enriquecido com fatores interculturais e oportunidades para a reflexão e descoberta de si mesmo e do outro, conduzirá a um crescente autoconhecimento, maior capacidade reflexiva e espírito crítico.
Deste modo, surge a questão: de que modo pode a aprendizagem inicial de Inglês como língua estrangeira promover o trabalho de temáticas de cidadania e identidade com crianças? E levanta-se a hipótese da implementação de atividades cooperativas de cariz pedagógico que permitam, neste contexto de aprendizagem, realmente fomentar essas noções referidas e promover uma experiência de ensino/aprendizagem de Inglês mais motivadora e significativa.
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