Ayuda
Ir al contenido

Dialnet


Resumen de A pintura abstracta portuguesa no século XXI

Ana Margarida Jerónimo Alexandre

  • Resumo A presente investigação supõe uma indagação exaustiva acerca do conhecimento e das possibilidades da pintura abstracta portuguesa no século XXI, assim como a sua contextualização nas práticas artísticas, em relação às tendências que marcaram a história da arte mais recente. Com este intuito foram colocadas as seguintes questões.

    Quais são as principais influências dos artistas do passado, que possam ter modulado os dados visuais em cada um dos artistas portugueses actuais? Estará a pintura abstracta portuguesa no circuito das grandes exposições nacionais e internacionais? Estará a pintura abstracta portuguesa no século XXI a começar a abrir novos caminhos e a sofrer várias alterações? A maioria dos textos sobre a pintura abstracta, apareceram originalmente em publicações, em pequenas revistas efémeras, jornais ou edições limitadas de livros, no entanto, torna-se extremamente difícil, e por vezes é quase impossível ter acesso aos mesmos, devido à sua raridade. Dos textos existentes sobre a pintura abstracta portuguesa, poucos foram estudados exaustivamente, por isso o seu valor enquanto documentos teóricos significativos não tem sido utilizado completamente.

    Os textos de estudo foram escolhidos pelo seu valor explicativo das teorias e conceitos básicos da pintura abstracta portuguesa. Podem focar o envolvimento individual de um artista com um problema específico ou tratar da ideologia ampla de um manifesto grupal. Ocupam-se tanto da forma como do tema, com ideias sociais e culturais, com o acto de pintar e com muitas outras ideias, algumas das quais básicas para o desenvolvimento dos conceitos da pintura abstracta.

    Esta investigação baseou-se nos escritos e nas declarações dos pintores, bem como dos críticos, utilizados como fontes válidas de material para um estudo de ideias e doutrinas da pintura abstracta portuguesa. Pode-se considerar que os pintores são críticos legítimos da sua própria pintura, pois estão envolvidos profundamente nas suas ideias e atitudes, sendo os únicos participantes e testemunhas do acto pelo qual a pintura é criada. Desde modo, pretende-se complementar os estudos existentes da pintura abstracta, indo além deles no tempo, tendo em conta o ambiente ideológico real das pinturas abstractas portuguesas específicas.

    Em relação a uma das questões desta tese, se ¿a pintura abstracta portuguesa no século XXI estará a abrir novos caminhos e a sofrer várias alterações¿, observou-se que a pintura abstracta portuguesa parece estar a evoluir e têm vindo a surgir novos pintores, tais como Ana Pimentel e Paulo Canilhas com características únicas que abrem novos caminhos tanto para eles próprios, como para os outros artistas, pois trazem ideias novas, Ana Pimentel introduziu o ¿ponto e a linha¿ que servem para dar a impressão que os materiais são costurados, conferindo-lhes um aspecto artesanal e Paulo Canilhas começou a utilizar diferentes materiais nas suas obras, sendo as chapas de alumínio o seu material preferido e técnicas mais avançadas como a técnica da colagem de forma organizada espacialmente sobre os limites do suporte com o objectivo de aproximar e fundir as formas com os espaços ou o uso de jogos de luz reflectida, criando a sensação de que se abrem novas perspectivas futuras para todos. A produção de obras de excelência como ¿Game¿ de Ana Pimentel ou ¿Organic-A-#1¿ de Paulo Canilhas. A projectação destas obras para outros países marcam esta mudança e desenvolvimento no mundo da pintura. A pintura abstracta portuguesa está no circuito das grandes exposições nacionais e internacionais. Os pintores têm procurado novas formas de se manterem actualizados e novos modos de divulgação dos seus quadros. Com o avanço das novas tecnologias, torna-se mais fácil, rápida e prática a comunicação entre os artistas, permitindo uma troca de informação e de ideias, de maneira eficaz. Um novo meio de divulgação dos quadros dos pintores é feito através de exposições virtuais, isto é, são realizadas exposições no espaço físico de galerias ou museus e ao mesmo tempo também apresentados via internet, sendo esta actualmente um dos meios mais rápidos de comunicação e divulgação, e a forma mais simples de abranger um público mais alargado.

    No capítulo I pretende-se enquadrar as origens e os desenvolvimentos da pintura abstracta em geral como movimento artístico autónomo, e, especificamente na sua condição de modernidade para situar os artistas portugueses aqui representados.

    Esta demonstração fundamentou-se nos principais representantes internacionais e nacionais, com maior relevância para esta Tese, tendo em consideração os seus processos criativos e o modo como se reflectem nos seus escritos sobre as suas obras.

    As origens da pintura abstracta são observadas desde a proto-história, mas historicamente, o ano de 1910, marca o início da concretização das primeiras obras de pinturas com características puramente abstractas, precedidas pelas práticas dos movimentos artísticos, expressionismo, fauvismo e cubismo, que tiveram em comum o rompimento com a tradição oitocentista do historicismo e do academismo, ao representarem as vivências do mundo exterior por meio das impressões experienciadas pela sensibilidade do criador.

    A pintura abstracta surgiu como uma tentativa de tornar a pintura independente da relação com a realidade visível, deixando de ser uma expressão mimética da natureza para se criar uma pintura, onde estão patentes tanto as virtudes como as inquietações psicológicas dos artistas, propondo assim, ao observador, uma nova perspectiva sobre a visão interior destes, em relação ao mundo exterior. Tratou-se de uma certa liberdade sobre a forma, e de como o seu conteúdo ganhou importância ao longo do tempo, no passado os artistas usavam apenas a pintura a óleo, depois introduziram a pintura acrílica e por fim começaram a utilizar materiais diferentes trabalhados com as novas técnicas mencionadas. Foi esta liberdade da forma que conduziu à pintura abstracta.

    A aguarela de Kandinsky criada em 1910 mostra um certo desprendimento da forma do respectivo conteúdo em relação aos vários movimentos artísticos existentes, sendo este o exemplo mais significativo da pintura abstracta, embora se possam encontrar pinturas anteriores reveladoras de alguns gestos abstractizantes; estas contudo não parecem passar de atitudes ocasionais ou de estudos preparatórios para a realização de pinturas a óleo ou de outras técnicas artísticas.

    Os principais representantes da pintura abstracta são: Wassily Kandinsky, Paul Klee, Jackson Pollock e Mark Rothko, que desenvolveram obras na vertente do abstraccionismo lírico, enquanto estes também juntamente com Kasimir Malevitch e Piet Mondrian produziram trabalhos fundamentais na vertente do abstraccionismo geométrico.

    Alguns artistas portugueses, como Ângelo de Sousa e António Charrua, apresentam nas suas obras várias influências dos artistas acima mencionados.

    A pintura abstracta contemporânea tenta questionar a realidade e está dividida entre pintura contemporânea não-figurativa e não-narrativa. Para melhor se compreender esta divisão é necessário o conhecimento da história da pintura, em particular, da pintura moderna.

    Na pintura abstracta portuguesa o artista trabalha com conceitos, intuições e sentimentos, provocando nas pessoas, que visualizam a obra, uma série de interpretações e uma mesma pintura pode ser vista, sentida e interpretada de várias formas.

    Para abordar as pinturas abstractas deve-se ter em vista o que o criador tenta transmitir e qual a sua verdadeira essência, no entanto, pode ser abordada do ponto de vista de outros criadores ou espectadores, pois cada pessoa tem no seu interior uma forma diferente de abordar a pintura e o mundo. A pintura é essencialmente uma criação livre de cada artista, em que este a materializa de acordo com o seu estado emocional ou com as suas técnicas particulares e os seus pensamentos mais profundos.

    É necessário também centrar as obras no contexto e no período de tempo em que foram elaboradas. A pertinência do olhar e a exactidão da forma de as observar contribuem para uma melhor compreensão do mundo. A pintura abstracta deixa de ser algo definido e estático para passar a ser livre na sua forma de se expressar e tem por vocação dar a ver o que é muitas vezes apenas contemplado, revelar o invisível e a construção singular do universo pessoal de cada artista, a pintura é concebida como uma forma de enriquecimento não só para os artistas, como para aqueles que a contemplam e também para a história da humanidade.

    A pintura abstracta esteve envolta de muita polémica e indignação no seu começo, pois as pessoas não estavam habituadas a ver quadros com formas diferenciadas das usadas tradicionalmente como a representação apenas realista do quotidiano imitando a natureza na sua perfeição. Esta forma nova de pintar provocava no observador diferentes sentimentos e interpretações, umas mais positivas e outras muito negativas.

    Para os pintores abstractos, o que interessa numa pintura não é a cópia do objeto reconhecível sobre a tela, mas sim a forma, a cor, a textura, a linha, o movimento e o ritmo.

    Se por um lado os quadros abstractos da pintura moderna reivindicavam toda a sua referencialidade, uma transcendência diferente do espaço pictórico, as pinturas reclamavam um estatuto ontológico próprio.

    Os artistas mais radicais do abstracto são aqueles que levaram mais longe a exigência de uma transcendência e até de uma metafísica na pintura. A tendência para o ideal está na visibilidade específica da superfície pictórica das formas e das cores, no sentido em que estas formas e cores devem ser vistas como ideias em que tomam parte a idealidade da geometria ou do sistema das cores puras.

    Um artista pode fazer uma cópia de aparência do mundo físico, com a meticulosa fidelidade do pintor trompe-l¿oeil, ou fazer uma pintura abstracta, como em Mondrian ou em Kandinsky, trabalhando a realidade com configurações ou com características geométricas, ornamentais, esquemáticas ou simbólicas, e reflectindo a experiência humana por meio da expressão visual pura e das relações espaciais.

    Devido a uma ruptura com a tradição, a hierarquia das camadas do quadro foi abolida. Por baixo da camada, a imagem que apresentava o quadro como a visão de um domínio da realidade que, embora fazendo parte do mundo conhecido, revelava-se o sistema da superfície pictórica, um sistema de elementos meramente ópticos sem correspondência no mundo ou referência, cuja inter-relação e interacção constituíam o campo estético do quadro como composição e disposição. É um sistema de elementos ideais, formas puramente geométricas, cores e relação pura, que excluem e negam a percepção do quadro como materialidade física produzida, como uma matéria colorida espalhada em camadas sobre um suporte e com vestígio da mão. A realidade sensitiva da cor desaparece sob o seu estatuto de carácter conceptual, aquilo que é reflectidamente percepcionado não são as diferenciações cromáticas abertas e sensitivas. As linhas criadas materialmente e desenhadas pela mão desaparecem por trás da ordem aparentemente natural, das formas geométricas simples. As formas e cores ideais aprendidas através da educação, formas que são pressupostas, como propriedade transcendente da consciência e que são reencontradas e reconhecidas em manifestação de ideias no quadro.

    No entendimento de tais estilos altamente abstractos, sob certas condições culturais a pintura mais realística não serviria melhor ao propósito do artista, mas ao contrário nele interferiria. Estados iniciais de desenvolvimento produzem configurações altamente abstractas, porque o contacto directo com as complexidades do mundo físico não é pertinente à tarefa da arte de pintar. Não é possível, contudo, inverter a afirmação e supor que a forma altamente abstracta é sempre o produto de um estágio mental primitivo.

    Assim a pintura, ao invés de proclamar a beleza e importância da existência física, usava o corpo como um símbolo visual do espírito, eliminando volume e profundidade, simplificando a cor, a postura, o gesto e a expressão, foi bem-sucedida na desmaterialização do homem e do mundo.

    Na sua forma livre de investigação a Arte Contemporânea em Portugal reflecte o contexto social onde o pintor está inserido, apresentando uma enorme disposição para a experimentação de novos materiais, novas técnicas, com a ajuda das novas tecnologias os artistas podem ser influenciados nas suas obras pois têm um maior acesso a outras obras onde podem juntar ideias e criar pinturas inimagináveis, podem conferenciar com outros artistas nacionais e internacionais trocar ideias, que permitiram à pintura abstracta portuguesa ocupar um lugar importante na sociedade moderna. Enquanto, a Arte Medieval em Portugal foi marcada por influências da Igreja Católica e actuava sobre os aspectos sociais, económicos, políticos, religiosos e culturais da sociedade com padrões bem definidos, a Arte Renascimento em Portugal foi caracterizada pela utilização da perspectiva, levando a que as imagens realizadas sob a superfície bidimensional, sugerissem um espaço tridimensional. Desenvolveram-se novas técnicas matemáticas e artísticas neste período, que tornaram a Arte Renascentista em Portugal numa arte mais refinada e técnica. Estas técnicas ainda hoje são a base de diversas formas de arte. A Arte Moderna em Portugal é caracterizada por romper com os padrões antigos e os pintores procuravam novas formas de expressão utilizando diferentes recursos, como as cores saturadas, cenas com pouca lógica e figuras deformadas e diferenciadas das épocas anteriores, no que diz respeito aos seus conceitos e à atitude de negação em relação ao que é antigo.

    Em Portugal foram criadas condições, como escolas de arte, programas de incentivo ao estudo da pintura, criaram-se instituições que apoiavam e se dedicavam ao estudo da arte, incluindo a pintura, criaram-se mais museus e galerias para haver mais divulgação e apoio aos artistas. Embora no século XIX se tenha criado algumas academias de arte, o século XXI foi marcado pela difusão das novas tecnologias. Estas permitem uma maior rapidez na divulgação da arte e no acesso à informação do contexto artístico.

    Para que esta evolução tenha sido possível os artistas tiveram não só que se adaptar às novas tendências sociais como também eles próprios criarem algo de novo e original dentro da pintura abstracta portuguesa para que esta fosse considerada como um movimento artístico autónomo.

    A liberdade que os artistas adquiriram permitiu-lhes questionar a sua própria linguagem artística assim como a própria imagem, a qual começou a dominar o dia-a-dia do mundo contemporâneo.

    No contexto da história da pintura abstracta portuguesa existe um novo dinamismo. Os artistas sentem que hoje em dia a pintura abstracta portuguesa está definida como um movimento autónomo reconhecido no país e trabalham os seus quadros de forma mais amadurecida, profissional e com um maior intuito de acompanhar as evoluções que vão surgindo não só a nível nacional como internacional, como os artistas neste momento têm uma mobilidade maior a evolução da pintura faz-se ao mesmo tempo tanto em Portugal como nos outros países.

    Numa primeira abordagem, considerou-se que relação à transformação que a pintura abstracta portuguesa possa ter sofrido, através do trabalho de alguns artistas, foi a de uma passagem do figurativismo ao não-figurativismo, mas no trabalho de outros artistas esse processo foi mais imediato. Procuraram um colorido intenso que se desenvolveu em grandes superfícies de cores contrastantes e recorreram à linha recta, com o objectivo de elaborarem formas de carácter geométrico, no entanto, existiram alguns artistas que misturaram texturas simuladas com texturas reais, por exemplo, de panos colados, tornando a execução da pintura num processo mais complexo, em que já não se estariam a utilizar os elementos específicos da pintura, mas se estaria a tender para um esbater de fronteiras entre outras disciplinas artísticas.

    Neste contexto surgiram artistas de renome como Joaquim Rodrigo, René Bértholo, Lourdes Castro e Joaquim Bravo, entre outros. Depois de instaurada esta nova concepção, vieram integrar-se pintores com outras origens: José de Guimarães, Júlio Pomar e Pedro Calapez contam-se entre os mais relevantes.

    O primeiro pintor que em Portugal levou a crítica a falar da pintura abstracta impura foi Joaquim Rodrigo. Mas recentemente, os artistas portugueses continuam a passar indiferentemente do figurativo ao abstracto, opondo-se a quaisquer fronteiras entre figura e signo, mas revelando um alegre sentido cromático adequado a novas ambições poéticas, em especial Ana Vidigal, Cristina Valadas e Ana Alexandre.

    Existem muitos estilos de pintura abstracta e cada um tem as suas próprias características, nelas as cores e as formas são organizadas segundo os diferentes tipos de abstracção, e cada tipologia comporta um enquadramento estético e social.

    Pedro Portugal e Pedro Casqueiro são dois exemplos da pintura abstracta portuguesa que reflectem o paradoxo entre o binómio experimentalismo/convencionalismo por toda a evolução que está patente nas suas obras de arte, ou seja, ambos os pintores utilizam as novas técnicas ligando-as às novas tecnologias. A evolução das suas pinturas está na forma como criam novos desenhos mais elaborados e minuciosos a computador e depois os transpõem para diferentes suportes, nas telas, madeira, uso de placas de alumínio, criando assim novas obras de arte com extrema imaginação e diferenciadas de tudo o que tem sido até hoje considerado de convencional. Através desta nova experiência ajudam a criar uma nova característica marcante para a pintura abstracta portuguesa, realçando-a não só no próprio país como no estrangeiro. Esta diferenciação permite-lhes abrir novos caminhos e elevar a pintura nacional ao nível das técnicas dos outros países e criando assim as suas próprias identidades dentro e fora do país. Estes pintores servem também de uma nova inspiração nas gerações vindouras pois permitem aos mais jovens explorar diferentes técnicas e suportes e elevar a sua identidade e imaginação a um patamar mais elevado.

    A pintura abstracta portuguesa vai além do acto e do processo da criação artística e da intervenção do artista, tornando-se um valor inseparável da sociedade.

    Actualmente, as obras dos autores evoluíram com o aparecimento de novos materiais e através da forma como esses mesmos materiais são usados e do aprofundamento das técnicas escolhidas por cada um. As suas obras são difundidas de forma mais rápida e eficaz através das novas tecnologias.

    O intercâmbio cultural entre Portugal e outros países permitiu aos pintores portugueses terem uma maior projecção a nível internacional, terem uma maior abertura de pensamento em relação às épocas anteriores e uma maior aprendizagem a todos os níveis, como por exemplo, através do contacto com pintores internacionais.

    Na sociedade moderna, as principais influências que possam ter modulado os dados visuais de cada artista, que determinaram o desenvolvimento da pintura abstracta portuguesa quer a nível nacional, quer a nível internacional foram as interacções sociais e culturais, que permitiram por sua vez as condições orientadoras das produções teóricas, das produções práticas, e da experiência estética.

    O capítulo II pretende mostrar qual a importância dos vários pintores abstractos portugueses no século XXI e para melhor ilustrar os diferentes estilos de pintura dentro da pintura abstracta, dividiu-se este capítulo em quatro partes: Pintura Abstracta Geométrica; Pintura Abstracta Gestual; Pintura Abstracta Figurativa; Pintura Abstracta Impura.

    Na selecção dos artistas portugueses não se pretendeu criar uma hierarquia dos mesmos mas sim escolher aqueles que fossem os mais representativos do tema em causa e que ilustrassem o fim desejado, de modo plausível e clarificador. Enquadram-se os pintores por grupos no que diz respeito ao tipo de pintura abstracta dando maior ênfase às obras consideradas mais representativas de cada grupo na qualidade singular dos percursos individuais de cada um.

    Na pintura abstracta geométrica escolheram-se os seguintes artistas: Ana Alexandre, Ângelo de Sousa, António Palolo, Eduardo Batarda, Fernando Calhau, Manuel Baptista, Pedro Casqueiro, Pedro Portugal e Sofia Areal.

    Dentro da pintura abstracta geométrica alguns artistas utilizam diferentes formas de pintar os seus quadros, uns utilizam a contenção da linha e a intensidade da cor, o seu imaginário nas formas geométricas marcantes para além de utilizarem um excelente contraste da cor, da luz e da sombra, outros destacam-se pela diferença e pela criatividade das suas pinturas geométrica, bem como pela sua técnica. António Palolo foi um dos pintores que se destacou nas suas obras pois utilizou formas orgânicas com estruturas geométricas que davam a sensação de estarem em movimento com uma iconografia muito própria, já Eduardo Batarda aproveita os seus quadros para fazer uma crítica à sociedade portuguesa. No entanto também se podem observar algumas obras em que se recorreu à desmultiplicação e complexificação através do recurso a diversas soluções gráficas e compositivas, originando uma imensidão de cores com padrões rítmicos e outras com um sentido tridimensional escultórico e arquitectónico.

    Em relação à pintura abstracta gestual os pintores escolhidos para melhor ilustração do que se pretende clarificar foram: António Gonçalves da Costa, Álvaro Lapa, Alda Viola, Dulce Barata Feyo, Fátima Mendonça, Júlio Pomar, Rui Aguiar, Teresa Magalhães e Victor Costa.

    Na pintura abstracta gestual pode-se observar algumas obras feitas em sucessivas séries narrativas em movimento. Existem obras elaboradas de forma espontânea nos seus movimentos gestuais ou de forma elaborada, ágil e expansiva. Numas são colocados tons fortes para realçar o grafismo e noutras foram utilizados contornos em direcção a um novo relacionamento tensional entre as figuras e o plano bidimensional.

    Na pintura abstracta figurativa a selecção recaiu sobre os pintores: Adão Cruz, Ana Cintra; Ana Pimentel, Ana Vidigal, António Charrua, Carlos Barroca, Cristina Guise, Cristina Lamas, Cristina Valadas, Graça Morais, Jorge Martins, João Sena, Luís Athouguia, Maria da Glória e Matilde Marçal.

    Na pintura abstracta figurativa pode-se observar obras diferenciadas no manejamento dos traços e das formas ou elaboradas de modo a conseguir levar os outros à exuberância criativa das suas obras. Alguns temas tornam-se diferentes tanto ao nível do espaço como da sua identidade, pela organização concisa com que as cores são trabalhadas e pelas técnicas usadas. Algumas obras apresentam figuras místicas, cheias de cor e com várias interpretações possíveis, já outras, são uma mistura de imagens que lembram sons e movimentos ao olhar de quem as contempla. Alguns artistas na busca de certas formas usam sobreposições de diferentes corpos em várias camadas de tintas.

    Os pintores escolhidos para a pintura abstracta impura são: Carmo Pólvora, Domingos Pinho; Francisco Laranjo, Paulo Canilhas, Pedro Calapez, Pedro Chorão, Teresa Gonçalves Lobo e Vítor Pomar.

    Na pintura abstracta impura algumas obras apresentam um contraste de valores luminosos e a forma diferente como a pincelada é aplicada faz com que a pintura adquira uma maior riqueza e uma maior liberdade pictórica.

    A intenção inicial era de realizar entrevistas a todos os artistas escolhidos, no entanto não foi possível fazê-lo com todos e foram realizadas apenas entrevistas aos artistas que se disponibilizaram.

    Cada artista ao decidir qual o seu próprio estilo faz uma introspecção pessoal não só do estilo de que gosta mais, como daquele ao qual se adapta com maior naturalidade. Nem todos os artistas portugueses desenvolvem uma só tendência, muitas vezes até iniciam um estilo dentro da pintura abstracta, mas por circunstâncias pessoais ou sociais, acabam por realizar trabalhos com características de outros estilos dentro da Abstracção.

    Palavras-chave: Pensamento artístico, Experimentalismo/Convencionalismo, Imaginário, Pintura Abstracta Portuguesa


Fundación Dialnet

Dialnet Plus

  • Más información sobre Dialnet Plus