Adotando uma postura teórica em que a educação é pensada como uma prática determinada no interior de relações entre classes sociais, o artigo visa levantar algumas questões sobre a formação profissional de trabalhadores rurais. Na base da reflexão estão os elementos levantados por uma pesquisa realizada na região canavieira de Campos, Rio de Janeiro. Nesta região, para manter elevada a taxa de exploração dos trabalhadores assalariados, os usineiros e fazendeiros impõem relações e condições de trabalho que não só aumentam o ritmo e a intensidade do trabalho, mas também segmentam os trabalhadores, permitindo um conjunto variado de práticas de "roubo" dos direitos dos trabalhadores. Neste contexto, as propostas de formação profissional são, antes de mais nada, um discurso desarticulado das questões centrais do trabalho e vida dos trabalhadores e de seus interesses como classe, constituindo-se em instrumento institucional complementar de sua dominação e subjugação por usineiros e fazendeiros. Existe, no entanto, uma questão educacional para os trabalhadores, que reside na elaboração do saber adquirido no trabalho e na vida, saber de classe em confronto à classe dos patrões.
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