Brasil
Mais ou menos atravessado por outros discursos (de ordem social epessoal), o ato de narrar é sempre um movimento, um trânsito,um agenciamento de forças formais e de virtual idades literárias e históricas. É preciso estar atento a essas questões para melhor interagir comtextos complexos como os de Machado de Assis. Partindo desses pressupostosteóricos, procuramos explorar neste ensaio dois movimentosdiferenciados c marcantes na recepção de Machado - um, que buscaaproximações diretas, realistas, seja de âmbito pessoal, biográfico, sejacobrando engajamento político e ideológico explícito; outro, que refletemais claramente sobre a articulação da obra machadiana com outrossistemas complexos (sócio-políticos, ideológicos etc.), respeitando, porém,o enquadramento literário (estético) do texto. Essas duas perspectivastrazem à baila importantes questões nacionais c nacionalistas daobra de Machado. No direcionamento realista, vemos uma crítica curiosac apressada, quase sempre tendenciosa ou equivocada, que, aofim, torna-se penitente. A leitura crítica mais atenta ao enquadramento literário locomove-se com mais ade rência pelas trilhas sinuosas de Machadode Assis. Dentro dessa perspectiva, passamos em revista algumas abordagens mais recentes da obra do escritor, tendo em vista, sobretudo,a nossa leitura do conto "Evolução", onde questões referenciais (sócio-históricas) emergem necessariamente de um processo de transfiguração, de um crivo estético-ficcional de rara sutileza no cruzamento dedados individuais e coletivos, psicológicos e históricos, representativos e retóricos.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados