Sustenta-se hoje a necessidade de revermos a nossa postura investigativa sobre as crianças, rompendo com os paradigmas que as compreendem como sujeitos passivos, reprodutoras ou receptoras de cultura. Na concepção da sociologia da infância, essa visão é reformulada, concebendo as crianças como participantes ativos da construção social. Nessa visão, compreende-se a infância como categoria social e cultural e as crianças como importantes referentes empíricos de estudo. Isso significa que é preciso estudá-las a partir de si próprias. Nesse sentido, a abordagem etnográfica apresenta-se como um desafio e uma grande possibilidade de conduzir as pesquisas organizacionais investigativas com crianças. A etnografia nos permite estudar a criança como “Outro”, como uma Alteridade, mas justamente para conhecê-la como “Outro” a partir de uma convivência prolongada e da participação de suas rotinas na Instituição de Educação Infantil, grupo social a ser pesquisado. A opção pela abordagem etnográfica consiste em atender às singularidades da realidade social e cultural de uma turma de crianças em uma Instituição de Educação Infantil da Encosta da Serra/RS para procurar compreender os valores éticos e morais, os códigos, as intenções e motivações que orientam a seleção, a significação e a utilização dos brinquedos na rotina da escola e de que forma eles podem ser constitutivos das culturas infantis. Através da análise desses resultados, pretende-se contribuir com os estudos sobre a Educação Infantil e suas práticas pedagógicas, trazendo reflexões sobre a construção de uma postura pedagógica que tenha como pressuposto a escuta e olhar atento “com” e não “sobre” as crianças, reconhecendo-as em suas diferentes manifestações culturais.
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