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O artigo apresenta duas teses de Heidegger: a interpretação da Crítica da Razão Pura como metafísica e a afirmação da permanência da metafísica na ciência moderna. Em seguida analisa as objeções que Loparic apresenta a essas teses no artigo A metafísica e o processo de objetificação,para enfim argumentar que suas contestações não se sustentam. Loparic afirma que a Crítica da Razão Pura não se destina a investigar a quididade dos entes, mas as condições nas quais os juízos sintéticos a priori podem ser verdadeiros ou falsos, de modo que o problema tratado por Kant não seria ontológico, mas semântico. Loparic afirma ainda que a ciência moderna deixou o quadro ontológico da metafísica aristotélica, na medida em que não mais se destina a estudar os entes como tais, isto é, como uma coisa em si, mas tão somente investigar a resposta da natureza, mediante intervenção técnica no curso dos processos naturais e, portanto não há sequer resquício da metafísica na ciência moderna. Essas objeções apresentam dificuldades na medida em que o autor se utiliza do conceito tradicional de metafísica para tratar da filosofia de Heidegger. Argumenta-se que o sentido de metafísica para Heidegger não se restringe à concepção de metafísica da tradição, de modo que, constitui um equívoco analisar as teses heideggerianas em conformidade com a leitura da tradição. Heidegger se pauta na indicação de que Kant se ocupa das condições de possibilidade da compreensão, isto é, do Dasein, enquanto o ente que coloca a pergunta sobre o ser e é nesta dimensão que a Crítica da Razão Pura é recepcionada como metafísica. No tocante à ciência, o filósofo afirma que, mesmo a ciência moderna tendo abandonado a representação de objetos, ela não renunciou e nem poderia renunciar à necessidade de a natureza fornecer dados que se possa calcular e de continuar sendo um sistema disponível de informação, de modo que incide no pronunciamento da ciência moderna uma interpretação de ser, mesmo quando a questão da essência não é levada em consideração.
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