Desde a Antiguidade que a relação entre a mulher e o poder foi pautada por bastante ambiguidade. Cedo existiu uma associação correlativa do poder à força física, apanágio do género masculino. A fragilidade feminina, aumentada pela sua alegada instabilidade emocional, tornava-a inadequada para o exercício de qualquer poder aos olhos de sociedades eminentemente guerreiras. Ainda assim, uma mulher como Helena foi poderosa a ponto de causar a guerra mítica que marcou toda a tradição clássica e escapar incólume.
A Grécia Clássica olhará com estranheza e receio criaturas como as Bacantes, que o álcool transformava em animais selvagens, e as Bárbaras, detentoras de artes mágicas, paixões incontroláveis e apetência guerreira, como as Amazonas. Apesar de existirem grandes mulheres como Aspásia por detrás de grandes homens como Péricles, ma reacção foi remeter a mulher livre para o recato do lar, impedindo o seu acesso à vida política e controlando os seus bens e vida privada através de tutores. Tal exemplo, em parte seguido numa Roma assustada pelas rainhas orientais Cleópatra e Zenóbia, será projectado para a posteridade e associado ao modelo semítico na herança judaico-cristã.
Passados longos séculos em que o desenvolvimento das ideias, da ciência e da sociedade ocidental levou ao debate em torno das capacidades e direitos femininos, as marcas do passado cristalizado no legado clássico continuam visíveis.
Mas o poder feminino exerce-se também noutros âmbitos, da família ao espaço laboral e público em que ela cada vez mais imerge, quer por necessidade financeiras, quer para se realizar como ser humano, originando novos desafios, de algum modo já visíveis no passado, e novas narrativas que cumpre analisar.
O poder feminino segundo José Saramago: as intermitências da morte entre Cronos, Eros e Tanatos
págs. 19-35
As metamorfoses de Dido: do poder á impotencia, da Antigüidade á Idade Media
págs. 37-51
Para o bem de Roma: Creúsa e Lavínia na Eneida
págs. 53-66
págs. 67-78
Maneiras dramáticas de narrar uma história: fenícias, Ifigenia na terra dos Tauros e Helena de Eurípides
págs. 81-89
Andrómaca: uma outra forma de poder
págs. 91-100
Um só poeta: duas Helenas
págs. 101-116
Antígona de Sófocles: uma leitura sob "A visão em paralaxe"
págs. 117-126
A solidão egoísta de Antígona, ou a acção parcial: problemas teológicos e políticos na Antígona de Sófocles
págs. 127-135
Narrativas do poder feminino: o caso da India no pensamento clásico
págs. 137-146
A transversalidade entre Eurípides e Medeia: ocupantes e fazedores de mito
págs. 147-150
págs. 151-167
págs. 169-179
Tecmessa: quando a voz da prudência tem como atributo o silêncio
págs. 181-189
págs. 193-199
págs. 201-211
O xadrez do poder nas cortes de Nero e Herodes-o-Grande: as figuras de Octávia e Mariame I
págs. 213-221
O poder de Psiqe: apontamento sobre o conto "Amor e Psique" no contexto de "O burro de ouro" de Apuleio
págs. 223-228
De Brunichilde Regina: representação do poder feminino em Vencio Fortunato
págs. 229-238
Viajar no feminino: as imagens das palavras peregrinação de Egéria à Terra Santa no século IV
págs. 239-257
As mulheres da Eneida: desafios inglórios à hegemonia do homem
págs. 259-269
Mala cupidine visendi situm castrorum (Tac.Hist. 1.48): quando as mulheres se imiscuem no mundo restrito dos homens
págs. 271-278
Livia: los años no novelados
págs. 279-286
págs. 287-296
Mujeres horrendas: el rostro femenino en Las Argonáuticas de Valerio Flaco
págs. 297-304
Personagens femininas da Crónica do imperador Beliandro: um catálogo de ilustres mulheres
págs. 307-314
Verdade e exemplaridade nas narrativas do "feminil linaje": das Coplas del Contempto del Mundo do condestável D. Pedro de Portugal
págs. 315-325
págs. 327-338
Personagens femininas no teatro jesuítico: a fúria de Jezabel
págs. 339-348
págs. 349-356
Ifixenia non quere morrer de Rodríguez Pampín: a vitoria do poder femino
págs. 359-369
Do canone autobiográfico á escrita biográfica feminina: uma leitura de O retorno, de Dulce Maria Cardoso
págs. 371-376
págs. 377-387
Teresinha da Ginjeira: uma Pasífae à moda de Camilo
págs. 389-397
O conceito de auctoritas reformulado na obra de Rosalía de Castro: autor, autoría, autoridade
págs. 399-409
O poder do saber: A Ultima Lição de Hipátia de Amando Nascimento Rosa
págs. 411-416
págs. 417-424
Cantos temíveis: as sereias na Antiguidade Clássica e na cultura contemporanea
págs. 425-436
Cleópatra: poder e amor no romantismo português
págs. 437-443
O amor dura até ao momento em que se perde: Glúckel von Hameln, Memórias e evocação do poder, no feminino
págs. 445-454
O mar no espelho: quando Narciso Vira Medusa em Paisagem com mulher e mar ao fundo de Teolinda Gersão
págs. 455-460
págs. 461-469
E se a mulher tomasse o poder?: um romance faceto do século XIX
págs. 471-477
Ana Harherly: A força da inovação, o poder da memória (reinterpretação da figura de Mnemosine)
págs. 479-487
págs. 489-496
A heroicidade feminina no quotidiano pos-moderno: personagens da literatura portuguesa
págs. 497-506
Representações do holocausto: o mito de Antígona revisitado por Grete Weil
págs. 507-514
págs. 515-524
Asenet, esposa de José do Egipto: modelo apócrifo do poder feminino?
págs. 527-536
A domina no mosaico do dominus iulius: contrução do feminino numa narrativa imagética afro-romana tardía
págs. 537-545
Mulheres na Lusitania romana: vestígios de uma presença discreta
págs. 547-564
Homens ausentes, mulheres presentes!: a migração internacional ampliando o poder feminino
págs. 565-575
págs. 577-588
As rainhas da restauração: a construção do poder feminino no Portugal brigantino (1640-1683)
págs. 589-597
Generatividade: reflexões em torno do género feminino
págs. 599-608
Papéis femininos em narrativas televisivas: poder e significado
págs. 609-615
Ordem sobre o caso: a supressão dos arquétipos femininos nas organizações modernas
págs. 617-625
Identidades, relações de genero e construções discursivas: as representações das mulheres celtas nos textos gregos e latinos
págs. 627-636
págs. 637-645
págs. 647-664
págs. 665-672
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