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O imaginário segundo a natureza

Imagen de portada del libro O imaginário segundo a natureza

Información General

  • Autores:
  • Editores: Barcelona : Editorial Gustavo Gili, S.L.
  • Año de publicación: 1985
  • País: España
  • Idioma: portugués
  • ISBN: 84-252-1958-2
  • Texto completo no disponible (Saber más ...)

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Índice



  • Índice



    A mais leve bagagem por Gérard Macé 7



    O imaginário segundo a natureza 11

    O instante decisivo 15

    Os europeus 39

    De uma China à outra 45

    Moscou, 1955 51

    Cuba, 1963 57

    Para Alberto Giacometti 65

    Ernst Haas 69

    Romeo Martínez 71

    Robert Doisneau 73

    Sarah Moon 75

    Robert Capa 77

    André Kertész 79

    Jean Renoir 81

    Meu amigo Chim 87

    André Breton, o Rei Sol 89



    Agradecimentos 98

    Bibliografia 99


Descripción principal

  • "Fotografar é uma operação progressiva da cabeça, do olho e do coração para exprimir um problema, fixar um evento ou impressões. Um evento é tão rico que dá-se voltas em torno dele enquanto se desenvolve. Procura-se a sua solução. Às vezes encontra-se em alguns segundos, às vezes ela demanda horas ou dias; não existe solução padrão; nada de receitas; é preciso estar pronto, como para o tênis. A realidade nos oferece uma tal abundância que devemos cortar ao vivo, simplificar, mas corta-se sempre o que é preciso cortar? É necessário alcançar, trabalhando, a consciência do que se faz. Algumas vezes, a gente tem a impressão de que tirou a fotografia mais forte e, contudo, continua a fotografar, sem poder prever com certeza como o evento continuará a desenvolver-se. Será preciso evitar metralhar, fotografar rápido e maquinalmente, sobrecarregar-se assim de esboços inúteis, que entulharão a memória e perturbarão a nitidez do conjunto."

    - Henri Cartier-Bresson

    O imaginário segundo a natureza é a primeira recopilação, em um único volume, dos textos mais significativos de Cartier-Bresson (Chanteloup, 1908), entre eles “O instante decisivo” e “Os europeus”. Também inclui artigos que destilam com a mesma intensidade e imediatidade visual suas viagens a Moscou e China, ou os que dedica a seus amigos André Breton, Alberto Giacometti ou Jean Renoir.

Extracto del libro

  • A mais leve bagagem
    por Gérard Macé

    Henri Cartier-Bresson viajou por toda parte com a mais leve bagagem.


    Dizendo isto, não faço alusão apenas à sua famosa Leica, a câmara mágica e portátil que lhe permitiu converter-se em homem invisível das multidões, e sobretudo fugir resolutamente para longe das academias onde aprende-se perspectiva fazendo traços, para percorrer as estradas da Europa em companhia de André Pieyre de Mandiargues; e depois os caminhos da Ásia, onde os acontecimentos vinham ao seu encontro, onde as cenas da rua se lhe ofereciam como se o mundo inteiro tivesse se transformado em ateliê a céu aberto.


    É verdade, os impressionistas antes dele puseram seu cavalete à beira de rios, de pradarias onde a luz se espalha como orvalho, mas seu mundo parece um eterno domingo, ao passo que a fotografia permite mostrar os dias úteis. Além disso, apesar da sua paixão pela pintura, não é possível imaginar Henri Cartier-Bresson preso toda a vida a um cavalete, horas inteiras diante da paisagem, talvez importunado por um curioso, molestado por abelhas e pousando ao final para um fotógrafo a quem faltam clichês. A pose seria séria demais, o material pesado demais para o nosso turbulento budista.


    A bagagem mais leve é a velha lição que não se aprende, mas que nos acompanha em toda a parte quando a compreendemos; a que permitiu a Henri Cartier-Bresson ausentar-se como pessoa, eclipsar-se para melhor colher o instante, mas dando um sentido ao instantâneo; ver Alberto Giacometti andar com o mesmo passo que suas estátuas, e Faulkner governar o imaginário em mangas de camisa; ver nas nuvens e fumaças da Índia, num pavão que abre suas plumas a roda do destino... É a lição dos mestres antigos, que lhe permitiu introduzir o “número áureo” na câmara escura, e ilustrar inconscientemente a proposta de Delacroix sobre o que ele chamava de “máquina de desenhar”, capaz de corrigir ao mesmo tempo os erros do olho e as lacunas do ensino: “O daguerreótipo é mais do que o decalque, é o espelho do objeto; certos detalhes, quase sempre negligenciados nos desenhos à mão livre, ganham ali uma importância característica, e introduzem assim o artista no conhecimento completo da construção: as sombras e luzes encontram-se em seu grau exato de firmeza ou de brandura, distinção muito delicada e sem a qual não há relevo”.


    Assim, voltar ao desenho, como fez Henri Cartier-Bresson nesses últimos anos, é quebrar o espelho e ver a olho nu, quer dizer, aceitar o erro do mundo e nossa imperfeição.


    Meditar sobre a confusão das aparências, em vez de continuar a fuga que a fotografia é às vezes, foi enfim, para esta personalidade, reencontrar uma forma de liberdade.



    O estilo de Henri Cartier-Bresson encontra-se inteiro na sua escritura: testemunho, legenda ou dedicatória, é sempre uma arte breve, uma improvisação bem-sucedida graças ao sentido quase infalível da fórmula (por exemplo, a frase apanhada em pleno vôo após a Suíte para violoncelo solo de Johann Sebastian Bach: “É música para dançar, justo antes de morrer”), e que supõe o mesmo gosto pelo instante decisivo que na fotografia, mesmo que os retoques e arrependimentos estraguem um pouco o ofício.


    Foi graças a Tériade, que lhe revelou a arte do livro ao mesmo tempo em que foi o editor inesquecível de Images à la sauvette [Imagens às pressas], que Henri Cartier-Bresson descobriu este seu dom suplementar, ao escrever um prefácio que imediatamente passou a ser referência maior para os fotógrafos, mas que hoje merece ser lido de maneira menos restritiva: como uma arte poética plena. Assim como deve-se ler ou reler suas reações vigorosas, suas lembranças discretas mas precisas, cheias de humor e de afeição quando se trata de Jean Renoir; e seus testemunhos sem preconceitos, sobre Cuba por exemplo, onde ele soube ver melhor que ninguém o regime de Castro em seus começos, melhor em todo caso do que muitos escritores trabalhando sob encomenda.


    Henri Cartier-Bresson escreve a nanquim, sem dúvida porque é uma tinta que não permite alongar-se. E agora graças ao fax, que é para a escritura o que a Leica foi para a fotografia. Pois certas máquinas ele não detesta, desde que sejam leves e andem rápido, quer dizer, que lhe permitam captar o instante.


    Mirar certo é outra história, em que o olho não basta, e que às vezes exige prender a respiração. Mas sabemos que Henri Cartier-Bresson, se é um geômetra sem régua, é também um atirador de elite.



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