É difícil proceder ao estudo dos azulejos portugueses de temática religiosa no século XVIII isoladamente. Como eram um dos últimos elementos decorativos a serem instalados em um templo, os planejamentos para seu assentamento levavam em conta toda a estrutura arquitetônica do edifício e seus bens integrados. Era necessário acomodá-los estruturalmente, espacialmente e simbolicamente, tendo em vista o discurso piedoso que ajudariam a compor em meio a outras manifestações visuais. Este estudo pretende refletir sobre a integração espacial e simbólica dos painéis de azulejos dispostos na nave da Capela da Ordem Terceira do Carmo de Cachoeira, Bahia. Consideraremos a justa adaptação da cerâmica ao edifício e à talha que a precedeu, os procedimentos adotados para transpor as cenas das gravuras modelares para os painéis de azulejos e o significado proposto pelo conjunto. Neste último aspecto, a interpretação ampara-se no pensamento de João Adolfo Hansen, segundo o qual as representações nos séculos XVII e XVIII no mundo português guiavam-se por preceitos poético-retóricos aristotélicos apropriados por preceptores tridentinos, que concebiam diferentes representações ou eventos históricos como análogos entre si, enquanto efeitos e signos da Causa Primeira, Deus.
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