The French philosopher Pierre Hadot is best known for his thesis that philosophising in Ancient Greece designated something markedly different from the contemporary meaning of the term: rather than an accumulation of informative knowledge, philosophising was a formative practice aimed at cultivating a state of serenity of soul (ataraxia) through the practice of spiritual exercises. Although the term philosophy has come to designate an exclusively theoretical attitude (establishing a separation between theory and practice that did not exist in ancient philosophy), Hadot insists on affirming that there are repeated reappearances in modern and contemporary philosophy of the ancient conception of philosophy as a way of life. This paper attempted to address the issue of the permanence of an existential posture of total conversion of being in contemporary philosophy, which is pointed out by Hadot in his work. Special attention was paid to the notion of philosophy as a therapy – which points to the cultivation of a fundamental inner attitude as an integral part of philosophical endeavour. The aim was to answer the following question: how does the conception of philosophy in Ancient Greece described by Pierre Hadot relate to contemporary philosophising? In order to explore this problem, an approach was made between philosophical investigations and obsessive neurosis in psychoanalysis. In particular, it explored Freud's account of the case of the Rat Man regarding pleasure in achieving an intellectual result in obsessive neurosis. It was argued that the failure to recognise this intellectual satisfaction that continues to permeate philosophical investigations generates a certain lack of understanding in philosophy about its workings and its objectives. With this, it was pointed out that Hadot's work allows not only for a new understanding of Ancient Greek philosophy, but also of philosophy today.
O filósofo francês Pierre Hadot é mais conhecido por sua tese de que o filosofar na Grécia Antiga designava algo marcadamente distinto do sentido contemporâneo do termo: antes de um acúmulo de conhecimentos informativos, o filosofar era uma prática formativa que tinha como finalidade cultivar um estado de serenidade da alma (ataraxia) a partir da prática de exercícios espirituais. Ainda que o termo filosofia tenha vindo a designar uma atitude exclusivamente teórica (instituindo uma separação entre teoria e prática que não existia na filosofia antiga), Hadot insiste em afirmar que há na filosofia moderna e contemporânea reaparecimentos reiterados da concepção antiga da filosofia como modo de vida. O presente trabalho buscou debruçar-se sobre o tema da permanência de uma postura existencial de conversão total do ser na filosofia contemporânea, que é apontada por Hadot em sua obra. Foi dada especial atenção à noção de filosofia como uma terapêutica – que aponta para o cultivo de uma atitude interior fundamental como parte integrante do fazer filosófico. Buscou-se, assim, responder à seguinte pergunta: como a concepção da filosofia na Grécia Antiga descrita por Pierre Hadot se relaciona com o filosofar contemporâneo? Para explorar essa problemática, ensaiou-se uma aproximação entre as investigações filosóficas e a neurose obsessiva na psicanálise. Em especial, explorou-se o relato do caso do Homem dos Ratos, de Freud, sobre o prazer em atingir um resultado intelectual na neurose obsessiva. Argumentou-se que o não reconhecimento dessa satisfação intelectual que segue permeando as investigações filosóficas gera uma certa incompreensão da filosofia sobre o seu funcionamento e sobre os seus objetivos. Com isso, apontou-se como a obra de Hadot permite não só apenas uma nova compreensão da filosofia da Grécia Antiga, mas também da filosofia na atualidade.
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