Resumen de Considerações sobre o partido nazista no Brasil: uma abordagem filosófico-histórica

Letícia Pedrassa Prates, Ester Maria Dreher Heuser

• English

  This article is based on some considerations about the existence of a Nazi Party in Brazil in the years 1928-1938, as pointed out by Ana Maria Dietrich's thesis, Tropical Nazism? The Nazi Party in Brazil (2007), and by Michel Foucault’s thought, in Archaeology of the Human Sciences and History of Systems of Thought (Sayings and Writings II) (2013), among other references. Under a philosophical-historical approach, the article mentions the emergence of certain contemporary practices of violence often associated with fascism and Nazism, so as to investigate some of the actions carried out by this Party in the country, by questioning how its formation occurred in the Brazilian scenario.  In this sense, this study problematizes perspectives of analysis of fascism and Nazism that are limited to European borders and disregard the strange aspects of what happened in other contexts. It is about understanding and describing certain aspects of what applies in different historical conditions, with a focus on the Brazilian Nazi Party’s objectives. This articles seeks to show, then, how the Party's involvement with the Third Reich occurred, as well as the dimension of Nazi practices in Brazilian states, some of its organization and to which individuals the Party aimed its projects. The objective, in accordance with the differences between Dietrich's ideas and Foucault's thought, is to contribute to the analysis of the dissemination of Nazi convictions in other contexts. Associating Dietrich's reflections with the Foucauldian perspective produces some noise. Dietrich argues about a possible adaptation of Nazi principles to Brazil, whereas Foucault highlights the singularity of historical emergences, and moves away from the apprehension of events as a mere repetition of what happened previously in other conjunctures. Understanding, therefore, how Nazi convictions spread in Brazil makes it possible to understand capture of the past as alive in the questions we pose to our own historical space-time.

   

• português

  Esse artigo parte de algumas considerações sobre a existência de um Partido Nazista no Brasil nos anos de 1928-1938, orientadas pela tese de Ana Maria Dietrich, Nazismo Tropical? O Partido Nazista no Brasil (2007), e pelo pensamento de Michel Foucault, em Arqueologia das Ciências Humanas e História dos Sistemas de Pensamento (Ditos e Escritos II) (2013), dentre outras referências bibliográficas. Por meio de uma abordagem filosófico-histórica, o artigo menciona a emergência de determinadas práticas de violência contemporâneas amiúde associadas ao fascismo e ao nazismo, para, a partir disso, investigar algumas das ações efetivadas por esse Partido no país, questionando como ocorreu sua formação na realidade brasileira. Nesse sentido, problematiza perspectivas de análise do fascismo e do nazismo que se limitam às fronteiras europeias e desconsideram as peculiaridades do que se sucedeu em outros contextos. Trata-se de apreender e descrever certos aspectos do que se efetivou em condições históricas distintas, com atenção aos objetivos do Partido Nazista no Brasil. Pretende-se mostrar, então, como se deu o envolvimento do Partido com o Terceiro Reich, assim como a extensão das práticas nazistas nos estados brasileiros, parte de sua organização e para quais indivíduos o Partido destinava seus projetos. Objetiva-se, de acordo com as diferenças entre as ideias de Dietrich e o pensamento de Foucault, contribuir com a análise da disseminação das convicções nazistas em outras conjunturas. Associar as reflexões de Dietrich com a perspectiva foucaultiana produz alguns ruídos. Dietrich argumenta sobre uma possível adaptação dos princípios nazistas ao Brasil, enquanto Foucault destaca a singularidade das emergências históricas, afastando-se da apreensão dos eventos como uma mera repetição do que se sucedeu anteriormente em outras conjunturas. Compreender, portanto, como se deu o alastramento das convicções nazistas no Brasil torna possível a apreensão do passado como vivo nas perguntas que lançamos ao nosso próprio espaço-tempo histórico.