Em Ser e tempo, Heidegger mostra que se mundo há de ser interpretado como fenômeno, então temos de concebê-lo a partir de sua significância (Bedeutsamkeit). Em sentido ontológico, mundo se deixa apreender mais propriamente pelo fenômeno da significância. Isto quer dizer: se mundo não pode ser confundido com nenhum ente, se positivamente constitui-se como fenômeno abarcante de todo ente descoberto, então sua determinação mais própria é a significância. Ele não é nenhuma coisa encontrável e constatável, isto é, algo “que é”, mas deixa-se apreender como estrutura fenomenal, no sentido de que remete não simplesmente aos entes, mas ao seu ser, àquilo a partir do que entes podem em primeiro lugar vir ao encontro. Mundo é articulante dos significados contextualmente estabelecidos; há mundo, como totalidade significativa, quando há significância. E, dado o estatuto ontológico de mundo, isso implica: as coisas vem ao encontro tal como são e como o que são de acordo com a significância. O que Heidegger quer dizer com esse termo, a significância? Como ela deve ser interpretada para expor-se com teor ontológico? O objetivo, o tema e o problema da comunicação concentram-se em elucidar essa questão. O presente texto percorre elucidando os seguintes passos: 1) mundo não é a somatória do conteúdo das coisas que ocorrem “no” mundo, mas é o critério do qual os entes ganham unidade e articulação descobertos em um contexto; 2) esse critério é interpretado na forma de totalidade de referências de conformação (Bewandtnis); 3) a referência central dessa totalidade remete em última instância ao ser de nosso próprio ente, em virtude de qual nós mesmos existimos; 4) justamente a significância quer indicar mais agudamente a pertença de mundo ao ente que nós somos; 3) significância figura o fenômeno orientador e possibilitador dos comportamentos em geral.
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