A sátira pode-se dizer que é atemporal, pois se manifesta em qualquer tempo e em qualquer gênero. No poema de formas mistas analisado neste artigo, a sátira é dirigida a um cortesão que ao voltar de Espanha para Portugal porta uma gorra enorme, o que suscita o motejo e esculacho de outros cortesãos. O poema é uma crítica não só à pessoa, mas também aos costumes. Como forma poética, ele inicia com um vilancete seguido de trovas e termina com uma cantiga. O infeliz Lopo de Souza ouvirá mais de trinta poetas contemporâneos chufando em versos de sua desproporcional gorra, que além de demasiado grande tem por pano o veludo, o que não condiz com a estação do ano, o verão. O poema é rico em artifícios estruturais, tais como métrica, rimas, pés quebrados e ritmo; é rico também em recursos retóricos, como se poderá constatar neste artigo.
Satire can be said to be timeless, as it is present at any time and in any genre. In the mixed-forms poem analyzed in this article, the satire is directed at a courtier who, upon his return from Spain to Portugal, is wearing an enormous cap, which provokes ridicule and scorn from other courtiers. The poem criticizes not only a person, but also the mores. As a poetic form, it begins with a ‘vilancete’ followed by ‘trovas’ and ends with a ‘cantiga’. The unfortunate Lopo de Souza will hear more than thirty contemporary poets sucking on verses from his disproportionate cap, which, in addition to being too large, has velvet for its cloth, which does not suit the season of the year, summer. The poem is rich in structural devices such as meter, rhyme, ‘pés quebrados’ and rhythm; it is also rich in rhetorical resources, as can be seen in this article.
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