Braga (São José de São Lázaro), Portugal
A festa é uma manifestação da cultura popular, mas também património cultural imaterial. Além do interesse académico, a festa tem atraído muita atenção política por se reconhecer como importante recurso para a “afirmação” das identidades locais. Em Portugal, este é um processo que se tem vindo a notar a várias escalas, com praticamente todos os territórios a demarcarem os seus “patrimónios festivos”. Neste texto procede-se a uma reflexão ensaística sobre algumas questões que julgamos pertinentes para entender como o discurso patrimonializador promovido, sobretudo, pelo poder local e atores e entidades ligadas à organização/gestão dessas festividades tem sido estruturado e ganho terreno na afirmação dos territórios e, portanto, no processo de turistificação das festividades. Está subjacente a esta reflexão a importância das tecnologias de comunicação e de informação, em duas vertentes principais: i) por um lado na forma como contribuem para a narrativa da festa no seio da comunidade e para além desta; ii) por outro, na forma como conduzem à mediatização das festividades e de todos os processos a esta relacionados. Iremos propor, assim, que passamos atualmente por uma fase patrimonializadora das festividades. Argumentamos, nesse sentido, que há uma procura cada vez mais acentuada pelo reconhecimento e “acreditação” externa do que se considera ser a autenticidade, singularidade e unicidade de cada manifestação tradicional. O ensaio estrutura-se na base da revisão bibliográfica e também em pesquisa documental que permite ilustrar alguns casos em que há mais evidência pública destes processos.
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