Bharbara Alves Agnoletto, Ricardo Mayer
O artigo aborda, nos termos de uma sociologia política das emoções, um sentimento moral, qual seja, o ressentimento que plasmou o protesto social conservador que engolfou o Brasil na última década e que culminou na ascensão no populismo reacionário encarnado pelo bolsonarismo. Essa contestação social foi especialmente extravasada através das redes sociais virtuais na forma de uma ação conectiva. O material empírico que dá suporte à análise desenvolvida foi coletado utilizando um perfil na rede social Twitter a partir de uma amostra de 1615 tweets que foram coletados e categorizados com a utilização do pacote de análise de dados qualitativos RQDA da linguagem de programação R. Por fim, a argumentação desenvolvida no trabalho chega a duas conclusões, quais sejam: a) o ressentimento que insufla o protesto conservador no Brasil está relacionado ao medo pela perda de privilégios e distinção social por parte de setores das camadas médias em decorrência da implementação de políticas de natureza redistributiva durante os governos do Partido dos Trabalhadores na Presidência da República (2002-2016); e b) esse ressentimento está associado a uma sociodicéia conservadora que naturaliza e legitima a reprodução simbólica da desigualdade a partir das categorias de classe, gênero e raça.
The article addresses, in terms of a political sociology of emotions, a moral sentiment, namely the resentment that shaped the conservative social protest that engulfed Brazil in the last decade and culminated in the rise of the reactionary populism embodied by Bolsonarism. This social protest was especially expressed through virtual social networks in the form of connective action. The empirical material that supports the analysis developed was collected using a profile on the social network Twitter from a sample of 1615 tweets that were collected and categorized using the RQDA qualitative data analysis package from the R programming language. Finally, the argument developed in the paper reaches two conclusions, namely: a) the resentment that fuels conservative protest in Brazil is related to fear of the loss of privileges and social distinction by sectors of the middle classes as a result of the implementation of redistributive policies during the Workers' Party governments in the Presidency of the Republic (2002-2016); and b) this resentment is associated with a conservative sociodicy that naturalizes and legitimizes the symbolic reproduction of inequality based on the categories of class, gender and race.
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