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Resumen de Bivalves do Miocénico Superior de Cacela (SE Portugal): Significado tafonómico e paleoambiental

A.A. Santos, T. Boski

  • O conhecimento e estudo da jazida fossilífera da Ribeira de Cacela remonta aos meados do século passado com trabalhos pioneiros, como os de Pereira da Costa (1866-67) e Cotter (1879).

    Nestes estudos os principais afloramentos fossilíferos da jazida sao localizados e descritos, de forma relativamente pormenorizada.

    Desde entao, e até ao presente, numerosos trabalhos que abarcam temas como a Paleontología, Estratigrafía e Património Paleontológico Foram realizados. De realc,ar os efectuados por Dollfus et al. (1903-1904), Bourcart & Zbyszewski (1940), Chavan (1940), Ferreira (1951), Freneix (1957), Brébion (1957), Antunes et al. (1981), País (1982), Antunes & Pais (1992), Cachao & Silva (1992), Cachao (1995), Gonzalez Delgado et al. (1995), Cachao et al. (1998), Santos & Boski (1998), Santos et al. (1998a, b) e Santos (2000), entre outros.

    De facto, apesar da quantidade de trabalhos existentes sobre a jazida de Cacela, escasseiam trabalhos de descric,ao, figurac,ao e classificac,ao da principal fauna fóssil aí existente, nomeadamente bivalves e gastrópodes. Com o objectivo de preencher a !acuna existente sobre esta temática o estudo sistemático dos bivalves marinhos da jazida de Cacela foi retomado por Santos (2000). Neste contexto, sao apresentados alguns dados gerais do afloramento, as condic,oes tafonómicas do nível pertencente ao Membro inferior da Formac,ao de Cacela, denominado por "Conglomerados e areolas fossilíferas da Ribeira de Cacela" (Cachao et al. 1998), bem como, o estabelecimento das condic,oes paleoambientais entao vigentes no local.

    A jazida fossilífera de Cacela encontra-se inserida na área abrangida pelo Parque Natural da Ria Formosa, no extremo SE de Portugal. Do ponto de vista geológico a jazida da ribeira de Cacela faz parte da unidade morfoestrutural meso-cenozóica, e incluí-se na denominada Formac,ao de Cacela (Ribeiro et al. 1979).

    Dados de nanofósseis calcários obtidos por Cachao (1995), a partir do membro inferior da Formac,ao de Cacela, permitem localizar biostratigraficamente este conjunto de sedimentos na base da biozonaNNll de Martini (1971 in Cachao 1995c) a qual corresponde a subzona CN9a de Okada & Bukry (1980 in Cachao 1995c), circa 8,2 a 7,5 Ma de Cande & Kent (1992 in Cachao 1995c). De acordo ainda com Cachao ( in op. cit.), e de um ponto de vista biocronológico, a deposic,ao do membro inferior da Formac,ao de Cacela terá ocorrido entre 8,2 Ma (FAD's de Discoaster berggrennii e de D. quinqueramus) e 7,5 Ma (LAD de Minylita convalis), o qua! se posiciona na parte superior do Tortoniano.

    A fauna de bivalves marinhos da jazida de Cacela apresenta grande abundftncia, quer em número de espécies quer em número de individuos. Do estudo realizado a partir dos exemplares de bivalves recolhidos foi possível identificar um total de 85 espécies e subespécies, duas da quais identificadas com sinais de nomenclatura aberta (Santos, 2000). Estas espécies distribuem-se por 29 familias e 61 géneros. Das 85 espécies identificadas 36 sao primeira referencia para a jazida de Cacela.

    No que diz respeito a análise tafonómica, esta permitiu determinar as características sedimentológicas do substrato em que a paleocomunidade da camada em análise viveu, bem como caracterizar o tipo de orictocenose nela presente.

    Assim, relativamente a matriz sedimentar esta é composta por areia de grao fino, pouco consolidada, mal calibrada (1.82) e com urna assimetria negativa (-O.JO). O teor em Carbonato de cálcio apresenta um valor de 13.9%, e a matéria organica um valor de 1.07% (Santos, 2000).

    No que diz respeito ao tipo de orictocenose presente, esta evidencia urn carácter homogéneo, com características subautóctones. No entanto, a ausencia de orienta9ao post-mortem das conchas no substrato e selec9ao de tamanho dos exemplares, a preserva9ao de estruturas de ornamenta9ao delicada, o vestígio de padroes de colora9ao originais, bem como a preserva9ao de restos de ligamentos calcificados, a presen9a de exemplares com as valvas articuladas, fechadas e em posi9ao de vida, para além de urn baixo grau de ac9ao biológica nas valvas levam a supor que o conjunto da fauna fóssil teve um tempo de exposi9ao reduzido e transporte pouco significativo, seguido de urn enterramento relativamente rápido.

    Assim, a interpreta9ao de todas as características acima expostas revela condi9oes estáveis durante a deposi9ao dos organismos mortos, muito embora sujeitos a eventos ocasionais e episódicos que causaram a sua fraca remobiliza9ao, tais como eventuais tempestades(Santos, 2000).

    No que diz respeito a abordagem paleoambiental da sequencia fossilífera em análise da jazida de Cacela, a paleocomunidade aí existente terá vivido nurn ambiente de baixa profundidade, com valores estimados entre 20 e 30 metros (tendo em considerayao o carácter infralitoral das associa9oes da malacofauna de bivalves, bem como as características sedimentológicas do substrato), salinidade marinha normal, hidrodinamismo de energía baixa a moderada, perturbado apenas pela ocorrencia casual de pequenas tempestades, temperaturas das águas mais elevadas as que actualmente se observam para as latitudes em que se encontra a área, com regime térmico tropical ou subtropical (Santos, 2000).


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