Resumen de O Arcebispo D. Aires de Ornelas e Vasconcelos e a Defesa do Padroado Português do Oriente (1874-1880)

Fernando Tavares Pimenta

• English

  Considering the relevance of inquiring the participation of Madeiran elites in the process of political and ecclesiastical governance of the Portuguese Colonial Empire, this article analyses the agency of Mgr. Aires de Ornelas e Vasconcelos, as Archbishop of Goa and Primate of the East, between 1874 and 1880, namely his role in the defence and preservation of the Portuguese Patronage of the East, at a particularly critical moment in its history, when its continuity was openly questioned by the Sacred Congregation of Propaganda Fide. In this regard, Mgr. Aires de Ornelas e Vasconcelos visited the suffragan dioceses of Goa and a large part of the missions of the Portuguese Patronage, endeavouring to reaffirm – through his intense pastoral and diplomatic action – the pre-eminence of the Primatial See of Goa and the right of patronage in the vast areas under English administration in India, namely Bombay, Madrasta, Malabar, the Gulf of Bengal, Dacca, present-day Bangladesh, as well as the island of Ceylon. Among his main victories on the ecclesiastical front was the signing of a modus vivendi with the various Apostolic Vicariates of Propaganda Fide, which guaranteed peace within Indian Catholicism by overcoming the disagreements arising from dual ecclesiastical jurisdiction, as well as the acknowledgement of the pre-eminence of the Metropolitan See of Goa. He also obtained recognition of the right of patronage in the English territories of India from the Viceroy of British India, Lord Lytton. Finally, it held the Exhibition of the Body of St Francis Xavier, the Apostle of the East, attracting many thousands of pilgrims to Goa and confirming its status as the capital of Eastern Catholicism – the Rome of the East. His action was therefore fundamental in overcoming the long crisis of the Portuguese Patronage of the East, especially in resolving the disputes between the clergy of Goa and the missionaries and apostolic vicars of Propaganda Fide, thus paving the way for the fulfilment of a new agreement between Portugal and the Holy See in the 1880s.

• português

  Considerando a pertinência de investigar a participação das elites madeirenses no processo de governação política e eclesiástica do Império Colonial Português, este artigo analisa a acção de D. Aires de Ornelas e Vasconcelos, na qualidade de Arcebispo de Goa e Primaz do Oriente, entre 1874 e 1880, nomeadamente o seu papel na defesa e preservação do Padroado Português do Oriente, num momento crítico da sua história, quando a sua continuidade era colocada em causa pela Sagrada Congregação da Propaganda Fide. Neste sentido, D. Aires de Ornelas e Vasconcelos visitou as dioceses sufragâneas de Goa e boa parte das missões do Padroado Português, procurando reafirmar – pela sua intensa acção pastoral e diplomática – a preeminência da Sé Primacial de Goa e o direito de padroado nas vastas áreas sob administração inglesa na Índia, nomeadamente em Bombaim, em Madrasta, no Malabar, no Golfo de Bengala, em Dacca, no actual Bangladesh, bem como na ilha de Ceilão. Entre as suas principais vitórias no plano eclesiástico conta-se a celebração de um modus vivendi com os vários Vicariatos Apostólicos da Propaganda Fide o que garantiu a paz no seio do catolicismo indiano, pela superação dos dissídios derivados da dupla jurisdição eclesiástica, bem como o reconhecimento da preeminência da Sé Metropolitana de Goa. Obteve, também, o reconhecimento do direito de padroado, nos territórios ingleses da Índia, por parte do Vice-Rei da Índia Inglesa, Lord Lytton. Realizou, enfim, a Exposição do Corpo de São Francisco Xavier, o Apóstolo do Oriente, atraindo muitos milhares de peregrinos a Goa e confirmando a sua qualidade de capital do catolicismo oriental – a Roma do Oriente. A sua acção foi, portanto, fundamental para a superação da longa crise do Padroado Português do Oriente, em especial para a resolução dos diferendos que opunham o clero de Goa aos missionários e vigários apostólicos da Propaganda Fide, abrindo, assim, o caminho à concretização de um novo acordo entre Portugal e a Santa Sé na década de 1880.