This study delves into the artistic and symbolic appropriations of the Indigenous Tupinambá cloak through the work of three Brazilian women artists: Glicéria Tupinambá, Lívia Melzi and Lygia Pape. Based on a visual analysis of their poetics and juxtaposing their creations with the iconographic dimension of the artefact in key historical milestones, we intend to understand the interconnectedness of these artists' works with contemporary art practices. In doing so, we seek to recognise the role of interdisciplinary studies in understanding this pivotal moment in art history, characterised by a paradigm shift influenced by the decolonial movement. This movement has notably elevated the political and activist dimensions of the aesthetic field. Besides discussing the repatriation of objects of ethnographic interest, this case study traces the artistic trajectories of these three artists, whose poetics are examined through the lens of art criticism. This analysis is underpinned by a multidisciplinary theoretical framework that draws from various authors from fields such as art theory and history, as well as cultural and decolonial studies. There is no doubt that the return of the cloak has significantly reignited debates about the return of artefacts expropriated during Brazil's colonial period. However, we intend to point out the importance of recovering the techniques and gestures used by the artists to create and symbolically re-appropriate new cloaks, which is congruent with the reflection on political making in the fields of aesthetics and museology.
Este trabalho analisa as apropriações artísticas e simbólicas em torno do manto indígena tupinambá por meio do trabalho de três artistas brasileiras: Glicéria Tupinambá, Lívia Melzi e Lygia Pape. A partir da análise visual de suas poéticas, e estabelecendo uma reflexão entre estas criações e a dimensão iconográfica do artefato em determinados marcos históricos, pretendemos entender como as obras destas artistas estão entrelaçadas à lógica da arte contemporânea, levando em conta a contribuição que os estudos interdisciplinares podem ter para a compreensão deste momento em que as artes vêm sendo atravessadas por uma mudança de paradigma associada ao movimento decolonial, o que tem se reverberado na potencialização da natureza política e ativista do campo estético. Para além do debate sobre a repatriação de objetos de interesse etnográfico, apresentamos um estudo de caso envolvendo o percurso destas três artistas, cujas poéticas são analisadas a partir da metodologia da crítica da arte e de uma base teórica multidisciplinar, englobando autores da teoria e da história da arte, além dos estudos culturais e decoloniais. Não há dúvidas que a devolução do manto reacendeu de forma bastante expressiva os debates sobre a devolução de artefatos expropriados durante o período colonial brasileiro. Porém, nossa intenção é apontar para a importância do resgate das técnicas e dos gestos implementados pelas artistas, que permitem que novos mantos sejam realizados e reapropriados simbolicamente, fato congruente com a reflexão acerca do fazer político nos campos da estética e da museologia.
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