Brasil
Intervenções urbanas de grandes proporções vêm ocorrendo em diversas cidades brasileiras, especialmente na última década, após algumas delas serem escolhidas para sediar dois grandes eventos esportivos: a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Ao mesmo tempo, é também perceptível um crescente interesse pela cultura como forma de transformar a cidade – interesse que se manifesta com a revitalização de espaços de importância histórica e sua conversão em equipamentos culturais, na valorização das culturas locais e na criação de festivais, realizados, em geral, em centros urbanos. Esses dois fenômenos também são encontrados de maneira associada, quando intervenções culturais são justificadas pela realização dos megaeventos. A partir da constatação desses fatos por meio do relato de algumas situações encontradas no país, o presente artigo busca evidenciar a concepção de cidade que é reproduzida neste momento histórico do capitalismo para, em seguida, analisar os setores da estrutura social que mais se beneficiam com tais intervenções. Os legados da Copa do Mundo e das Olimpíadas, como as transformações e desenvolvimento das vias urbanas ou reformas e ampliações de rodoviárias e aeroportos, bem como as alterações de cunho cultural, que trariam qualidade de vida à população, são justificativas recorrentes entre os ideólogos do planejamento estratégico urbano para as ações realizadas, no entanto, como se argumenta no final do trabalho, tal concepção de cidade traz em seu bojo a valorização do próprio capital, principalmente do ponto de vista imobiliário e especulativo.
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