Raro no Cancioneiro Geral, o tópico da prisão de mulheres resume-se praticamente aos casos em análise: o da reclusão temporária de Dona Joana de Mendonça a mando da rainha, com destaque para a cantiga e autoglosa que lhe dedica João Rodrigues de Lucena, e o da detenção de Joana de Faria, tratado no decir ou trovas de Francisco Lopes Pereira a esse propósito. Poesia de circunstáncia em ambos os casos, aproxima-os o jogo entre cativeiro fisico e cativeiro amoroso, as distinguem-nos as práticas de interlocução e manipulação do discurso alheio. Assim, enquanto a singularidade da glosa constitui traço saliente do texto de Lucena, nas trovas sobressai o gosto pela paródia sacra, do Stabat Mater ao relato bíblico da Paixão (João 18:1-11), repercutido na cenografia da prisão de Joana de Faria, a enigmática protagonista do incidente desconhecido que se reporta Francisco Lopes
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