O objetivo desse texto é demonstrar a importância da amizade de Paul Rée para Nietzsche no momento crucial de seu rompimento com as teses schopenhaurianas e wagnerianas e de produção de sua obra Humano, demasiado humano. Essa influência está ligada ao projeto de combate aos idealismos presentes na filosofia metafísica, na religião cristã e na arte romântica. A “arma” desse combate se chama “réealismo”, cuja expressão, como se verá, está ligada a uma prática filosófica que articula a teoria darwinista da seleção natural às análises psicológicas e às idéias evocadas pelos moralistas franceses no que diz respeito à natureza humana. Identificado por Nietzsche como um “espírito livre”, Rée é mantido no âmbito de uma amizade ambígua, mas fecunda, até o distanciamento decisivo motivado pela crítica nietzschiana ao altruísmo e à falta de questionamento da necessidade de fundamentação da moral – expediente que, posteriormente, será caracterizado como genealógico, por sua pergunta sobre o valor da própria moral.
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