City of Reading, Estados Unidos
In this essay, I explore the political potential of the act of writing about writing that Clarice Lispector mobilizes in A hora da estrela (1977). By closely following the trajectory of the protagonist Macabéa, I speculate on the approximation of this text to the concept of "absolute immanence," which identifies what does not exist in something and is not immanent to something, what does not depend on an object and does not belong to a subject. By practicing a literary democracy and submerging literature in a game of ambiguities and contradictions that constitute the pleasure of the text, Lispector denies the aesthetics of denunciation and the epic of the marginalized typical of the Brazilian social novel and forges another notion of realism through a dissonant story and narration. Invisible, impersonal, and finally organic, Macabéa achieves the sense of lack that the narration intends to emulate and becomes a singular agent of literature and a collective instrument of enunciation.
Neste ensaio, eu exploro o potencial político do ato de escrever sobre o escrever que Clarice Lispector mobiliza em A hora da estrela (1977). Acompanhando de perto a trajetória da protagonista Macabéa, eu especulo sobre a aproximação desse texto ao conceito de "imanência absoluta", que identifica o não existe em algo e não é imanência a algo, o que não depende de um objeto e não pertence a um sujeito. Ao colocar em prática uma democracia literária e submergir a literatura em um jogo de ambiguidades e contradições que constituem o prazer do texto, Lispector nega a estética de denúncia e a épica do marginalizado próprias do romance social brasileiro e forja outra noção do real, através de uma história e uma narração dissonantes. Invisível, impessoal e finalmente orgânica, Macabéa alcança o sentido de falta que a narração pretende emular e se converte em agente singular da literatura e instrumento coletivo de enunciação.
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