A retórica dos resultados é uma questão que diz respeito sobretudo aos divulgadores, mais do que aos públicos. Consiste em representar a actividade científica pelos seus produtos, subsumir os processos científicos à consecução finalista e cumulativa de resultados e isolar exclusivamente como resultados aqueles que são avaliados a posteriori como êxitos de aplicação. Tal implica ignorar a actividade científica enquanto processo, anular o papel do erro produtivo na tomada de decisão e nas escolhas científicas e assimilar fins a resultados, com a exclusão dos resultados fortuitos, inesperados ou adversos. A retórica dos resultados é efeito de censura positiva da iliteracia que a dinâmica tecnocientífica naturalmente segrega. Há que afirmar que a tecnociência se encontra em condições de disponibilizar meios, melhor do que produzir resultados, contra a retórica que deixa sem resposta o facto da produção de resultados inesperados, indesejáveis e incontroláveis. A retórica dos resultados contribui para a presunção da auto-suficiência científica e pode ser também entendida como ilusão de controlo da dinâmica imparável da tecnociência.
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