Los territorios se componen de contrastes que se hacen más evidentes a medida que los estudiamos cada vez más. Lo mismo ocurre con los territorios del pasado. En esta investigación, pretendemos presentar dos perspectivas aparentemente opuestas que constituyeron simultáneamente la América portuguesa: una "extrema lentitud" y una red atlántica de personas e ideas. Ambos tópicos son abordados a partir de los escritos del botánico francés Auguste de Saint-Hilaire, sea a partir de sus propias experiencias a principios del siglo XIX, sea a partir de relatos secundarios contenidos en su obra. El análisis de estos contrastes territoriales se basa en la perspectiva geográfica, que enfatiza el carácter escalar de los fenómenos, superponiéndolos y reconsiderándolos constantemente a la luz de la historia y sus irregularidades, utilizando una correspondencia de la administración portuguesa de la época. Desde nuestro punto de vista, la geografía ha aportado una importante contribución a los estudios sobre los territorios del pasado, además de la cartografía y otros productos visuales. El razonamiento geográfico espacializa los fenómenos, los sitúa dentro de una estructura específica y no sólo les otorga ciertas atribuciones sino que, sobre todo, los correlaciona con otros fenómenos situados a diferentes escalas. Partiendo de la necesaria dialéctica de este movimiento interescalar, proponemos una conceptualización aparentemente contradictoria de un territorio que podría ser a la vez "extremadamente lento" y estar conectado a un océano de personas e ideas, con el interior ("sertão") desempeñando un papel clave en esta dinámica.
Territories are made up of contrasts that become more apparent the more we study them. The same goes for territories of the past. In this research, we seek to present two apparently opposing perspectives that simultaneously made up Portuguese America: "extreme slowness" and an Atlantic network of people and ideas. Both topics are approached from the writings of the French botanist Auguste de Saint-Hilaire, either from his own experiences at the beginning of the 19th century, or from secondary accounts contained in his work. The analysis of these territorial contrasts is supported by the geographical perspective, which emphasizes the scalar nature of phenomena, constantly overlapping and reconsidering them in the light of history and its irregularities, with the use of correspondence from the Portuguese administration at the time. In our view, geography has largely contributed to studies on the territories of the past, beyond cartography and other visual products. Geographical reasoning spatializes phenomena, locating them in a specific structure, conferring upon them not only certain attributions but, above all, correlating them with other phenomena located on different scales. Based on the necessary dialectic of this inter-scalar movement, we propose an apparently contradictory conceptualization of a territory that could be both "extremely slow" and connected to an ocean of people and ideas, having the backlands ("sertão") a key-participation in this dynamic.
Territórios são formados por contrastes que se tornam mais aparentes na medida em que os estudamos cada vez mais. O mesmo vale para territórios do passado. Nesta pesquisa, buscamos apresentar duas perspetivas aparentemente opostas e que compunham, simultaneamente, a América Portuguesa: a "lentidão extrema" e a rede atlântica de pessoas e de ideias. Ambas as temáticas são abordadas a partir de relatos do botânico francês Auguste de Saint-Hilaire, seja a partir de suas próprias experiências no início do século XIX, seja a partir dos relatos secundários que o mesmo realiza em sua obra. A análise desses contrastes territoriais é subsidiada pela perspetiva geográfica que enfatiza o caráter escalar dos fenômenos, sobrepondo-os e reconsiderando-os constantemente, à luz da história e de suas irregularidades, com o uso de correspondências da administração portuguesa à época. Em nosso entendimento, a geografia tem contribuído largamente com estudos sobre os territórios do passado, para além da cartografia e de outros produtos visuais. O raciocínio geográfico espacializa fenômenos, localizando-os em uma estrutura determinada, conferindo a eles não apenas certas atribuições, mas, principalmente, correlacionando-os com outros fenômenos localizados em escalas distintas. A partir da necessária dialética desse movimento interescalar, propomos uma conceituação aparentemente contraditória de um território que podia ser, ao mesmo tempo, "extremamente lento" e conectado a um oceano de pessoas e de ideias, tendo o "sertão" participação-chave nessa dinâmica.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados