Brasil
A narrative about a prohibited homosexual desire, at the beginning of the 20th century, in one of the most Catholic countries in Europe, is not only a moral challenge, but a literary one, since this challenge requires a form as revolutionary as the content presented to it. The narrative structure of A Confissão de Lúcio, by Mário de Sá-Carneiro, enables the intersection proposed by this work between eroticism, psychoanalysis and language. We propose the reading that the work creates a personal narrative account that fluctuates, admittedly, between the implausible and the factual, revealing itself as a work of elaboration of the mourning that caused this confession. In this mourning process, literature proposes itself as the erotic ruse that keeps alive the libido that was invested in the objects at the center of the loss, based on the corporal materiality of language itself in its magnificent achievement of being more sensorial than imitative, more theater than instrument (BARTHES, 2013, p. 17). Mainly guided by Georges Bataille, Octavio Paz, Sigmund Freud and Roland Barthes, we will seek to investigate how the form and content of this work manage to represent the desire between the characters, their veils and unveilings, their secrets and confessions.
Uma narrativa sobre um desejo homossexual interdito, no início do século XX, em um dos países mais católicos da Europa, é um desafio não só moral, mas literário, uma vez que esse desafio exige uma forma tão revolucionária quanto o conteúdo que se lhe apresenta. A estrutura narrativa de A confissão de Lúcio, de Mário de Sá-Carneiro, possibilita o entrecruzamento proposto por este trabalho entre erotismo, psicanálise e linguagem. Propomos a leitura de que a obra cria um relato pessoal narrativo que flutua, assumidamente, entre o inverossímil e o factual, revelando-se um trabalho de elaboração do luto que causou essa confissão. Nesse processo de luto, a literatura se propõe como o ardil erótico que mantém viva a libido que era investida nos objetos no centro da perda, a partir da materialidade corporal da própria linguagem em seu logro magnífico de ser mais sensorial que imitativa, mais teatro que instrumento (BARTHES, 2013, p. 17). Guiados principalmente por Georges Bataille, Octavio Paz, Sigmund Freud e Roland Barthes, buscaremos investigar como a forma e o conteúdo dessa obra dão conta de representar o desejo entre as personagens, seus véus e desvelamentos, seus segredos e confissões.
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