María Beatriz Borba Florenzano
Partindo da instalação de duas “colônias” gregas – Lócris e Régio – no extremo sul da Península Itálica em fins do século VIII e início do VII a.C., pretendemos caracterizar os processos de ocupação territorial e de definição de fronteiras destas duas pólis, dirigindo o nosso foco para o relacionamento com as populações não gregas ali já instaladas em precedência. Com este estudo pretende-se trazer uma contribuição à compreensão do contato cultural entre populações gregas e outras populações mediterrânicas no arcaísmo. Nossa hipótese inclui uma perspectiva de questionamento direto da noção de aculturação, ou melhor de helenização dos grupos não gregos, e passa a valorizar a contribuição desses mesmos grupos na configuração do que podemos chamar de identidade helênica. Não será possível deixar de lado, em um estudo como este, a competição entre estas duas pólis em seu movimento de expansão territorial nas respectivas hinterlândias e entre elas e as outras pólis gregas vizinhas: Zancle, Crotona e Caulônia. Nossa intenção é a de, por meio de uma análise sistemática da documentação arqueológica disponível, reavaliar a narrativa já existente sobre o movimento, iniciado no século VIII a.C., de “colonização grega” e consequente helenização do Ocidente Mediterrânico; narrativa criada, sobretudo, a partir das fontes textuais clássicas.
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