Colombia
este artículo es resultado del trabajo de campo etnográfico realizado en Bogotá durante las protestas sociales ocurridas entre noviembre de 2019 y abril de 2022. Se enfoca en comprender de dónde proviene y cómo opera la violencia con la que la fuerza pública intervino estos escenarios de acción colectiva. Argumentamos que esa violencia, fundamentalmente ejercida por las especialidades de policía como aparato represivo del estado, no se explica simplemente como forma de dominación indiferenciada a la que recurre la institucionalidad cuando su poder se ve debilitado, sino que refiere significados culturales que la posibilitan, sostienen y validan como forma privilegiada para tramitar el conflicto. Exploramos este hecho a partir de una categoría que emergió del campo, que subyace a la forma como fueron tratados los sujetos-cuerpos y que remite a consensos sociales profundamente arraigados: la obediencia por dolor. Sostenemos que esta categoría, enraizada en la doctrina religiosa judeocristiana, opera como mandato y principio de actuación de la fuerza pública cuya expresión más palmaria es la violencia material, pero que simultáneamente envuelve una radical violencia simbólica. Como herramienta analítica, la obediencia por dolor permite comprender los procesos de producción de subjetividad que legitiman la eliminación de otros, pero también aquellos a través de los cuales se despliegan posibilidades de existencia, resistencias y estrategias que desafían las formas de autoridad estatal. Por esa vía, el estudio contribuye a esclarecer, en un sentido político, la racionalidad a partir de la cual opera la violencia y no solo a reiterar su inmanencia en el contexto colombiano.
This article derives from ethnographic fieldwork conducted in Bogotá during the social protests that occurred between November 2019 and April 2022. It focuses on understanding the origins and dynamics of the violence employed by the state’s security forces in these instances of collective action. We argue that this violence, primarily exercised by police special units as a repressive apparatus of the state, cannot simply be explained as an undifferentiated form of domination that institutions resort to when their power is weakened. Instead, it refers to cultural meanings that enable, sustain, and validate it as a privileged way to address conflict. We explore this phenomenon through a category that emerged from the field, which underlies how subjects’ bodies were treated and which refers to deeply ingrained social consensuses: obedience through pain. We argue that this category, rooted in Judeo-Christian religious doctrine, operates as a mandate and principle of action of public force whose most obvious expression is material violence, but which simultaneously involves a radical symbolic violence. As an analytical tool, obedience through pain helps us understand processes of production of subjectivity that legitimize the elimination of others, but also those through which possibilities of existence, resistance, and strategies that challenge forms of state authority unfold. The study thus contributes to clarifying, from a political perspective, the rationality on the basis of which violence operates, rather than merely reiterating its immanence in the Colombian context.
este artigo é o resultado de um trabalho de campo etnográfico realizado em Bogotá, Colômbia, durante os protestos sociais que ocorreram entre novembro de 2019 e abril de 2022. Ele se concentra em entender de onde vem e como opera a violência com a qual as forças públicas intervieram nesses cenários de ação coletiva. Argumentamos que essa violência, exercida fundamentalmente por especialidades policiais como aparato repressivo do Estado, não se explica simplesmente como uma forma de dominação indiferenciada à qual a institucionalidade recorre quando seu poder é enfraquecido, mas também se refere a significados culturais que a habilitam, sustentam e validam como uma forma privilegiada de lidar com o conflito. Exploramos esse fato com base em uma categoria que emerge do campo, subjacente à forma como os sujeitos-corpos foram tratados e que se refere a consensos sociais profundamente enraizados: obediência por meio da dor. Argumentamos que essa categoria, enraizada na doutrina religiosa judaico-cristã, opera como um mandato e um princípio de ação de força pública cuja expressão mais óbvia é a violência material, mas que envolve simultaneamente uma violência simbólica radical. Como ferramenta analítica, a obediência por meio da dor nos permite entender tanto os processos de produção de subjetividade que legitimam a eliminação de outros quanto aqueles pelos quais se desenvolvem possibilidades de existência, resistência e estratégias que desafiam as formas de autoridade do Estado. Dessa forma, este estudo contribui para esclarecer, em um sentido político, a racionalidade a partir da qual a violência opera e não apenas para reiterar sua imanência no contexto colombiano.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados