Anderson José Machado de Oliveira, Márcio de Sousa Soares
On October 17, 1717, Domingos Barbosa, legitimate son of João Barbosa da Costa and Maria Ribeira, was baptized in the Cathedral of São Luís do Maranhão by General Vicar Agostinho Mouzinho Garro. In the baptismal register no classificatory term, related to the processes of mestizaje, was used to identify Domingos and his parents. However, in 1742, during the investigation of genere with the purpose of obtaining priestly orders, the witnesses of the process indicated that Domingos, on his father and mother’s side, had “blood of the people of the land”, having his great-grandfathers “mamaluco caste”. Despite the gentility of his ancestors, Domingos was ordained and later became a parish priest in two parishes in Maranhão. The aim of this article is to discuss the process of social mobility traced by this mestizo, considering the social relations built by him and his family and the variations in the conjuncture of the Maranhão’s Church during the eighteenth century. The weight of personal and political relationships in overcoming generational stigmas in societies with traces of the political culture of the Ancien Regime converge to this analysis, as well as the position of sectors of the ecclesiastical hierarchy favorable to the formation of a native clergy in response to the imperative of the Christianization of the people.
Aos 17 dias do mês de outubro de 1717, Domingos Barbosa, filho legítimo de João Barbosa da Costa e Maria Ribeira, foi batizado na Sé Catedral de São Luís do Maranhão pelo vigário geral Agostinho Mouzinho Garro. No registo de batismo nenhum termo classificatório, relacionado com os processos de mestiçagem, foi utilizado para identificar Domingos e seus pais. No entanto, em 1742, durante a investigação de genere com vista à obtenção das ordens sacerdotais, as testemunhas do processo indicaram que Domingos, pela parte paterna e materna, tinha “sangue de gente da terra”, tendo os seus bisavós “casta de mamaluco”. Não obstante o gentilismo dos seus ascendentes, Domingos foi ordenado e posteriormente exerceu a função de pároco em duas freguesias maranhenses. O objetivo deste artigo é discutir o processo de mobilidade social traçado por este mestiço, considerando as relações sociais construídas por ele e sua família e as variações na conjuntura da Igreja maranhense no decorrer de Setecentos. Convergem para esta análise o peso das relações pessoais e políticas na superação dos estigmas geracionais em sociedades com traços da cultura política do Antigo Regime, bem como a postura de setores da hierarquia eclesiástica favoráveis à formação de um clero nativo em resposta ao imperativo da cristianização dos povos.
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