Resumen de O necrobiopoder sobre o corpo vulnerabilizado no Conjunto Heliópolis: as dimensões da injustiça ambiental no gerenciamento de risco em áreas contaminadas na capital paulista
- English
The production of contaminated areas in the city of São Paulo and the various forms of exclusion of the low-income population to urban space, among them the deprivation of access to decent housing in healthy environments, has led to situations of environmental injustice through the occupation of unsafe areas. In contaminated areas, risk management practices carried out employing socially hermetic technical-scientific procedures, with interventions poorly contextualized to the reality of the exposed groups, tend to worsen the conditions of exclusion of groups vulnerable by the production process of the space. This article aims to identify and analyze the conditions of environmental injustice experienced by residents of the Conjunto Heliópolis, built on a dump in the municipality of São Paulo, in light of the interdisciplinary agenda of Political Ecology. As a methodology, a case study with critical qualitative analysis was conducted by triangulating data from interviews with residents of the study area, analysis of technical documents about the Conjunto Heliópolis, and non-participating observations recorded in the field notebook. The results reveal the imbrication of the dynamics of discrimination and social exclusion in the capitalist production of urban space, in the decision-making processes instituted by technicalscientific procedures in situations of risk, and in local relations in the affected territories. This junction reveals what has been called patrimonialist Necrobiopower, the power inherent to the structuring of Brazilian society and the capitalist production of São Paulo's urban space.
- português
A produção de áreas contaminadas na cidade de São Paulo e as diversas formas de exclusão da população de baixa renda ao espaço urbano, dentre elas a destituição do acesso à moradia digna em ambientes saudáveis, tem levado a situações de injustiça ambiental por meio da ocupação de áreas inseguras. Em áreas contaminadas, práticas de gerenciamento de risco realizadas por meio de procedimentos técnico-científicos socialmente herméticos, com intervenções pouco contextualizadas à realidade dos grupos expostos, tendem a agravar as condições de exclusão dos grupos vulnerabilizados pelo processo de produção do espaço. Este artigo visa identificar e analisar as dimensões da injustiça ambiental vivenciada pelos moradores do Conjunto Heliópolis, construído sobre um lixão no município de São Paulo, à luz da agenda interdisciplinar da Ecologia Política. Como metodologia, realizou-se um estudo de caso com análise qualitativa crítica por meio da triangulação de dados de entrevistas com moradores da área de estudo, da análise de documentos técnicos sobre o Conjunto Heliópolis e de observações não-participante registradas em caderno de campo. Os resultados revelam a imbricação das dinâmicas de discriminação e de exclusão social na produção capitalista do espaço urbano, nos processos decisórios instituídos por procedimentos técnico-científicos em situações de risco e nas relações locais nos territórios afetados. Essa junção desvela o que se denominou como Necrobiopoder patrimonialista, um poder inerente à estruturação da sociedade brasileira e da produção capitalista do espaço urbano paulistano.
