Rhuan Felipe Scomação da Silva
O presente trabalho pretende analisar três narrativas do criador do conto-reportagem no Brasil, João Antonio Ferreira Filho, a partir das críticas implícitas, e algumas vezes explícitas, ao regime militar, à censura e à higienização simbólica dos grandes centros urbanos do país. A partir do estudo dos arquétipos de cada um dos protagonistas dos contos Dedo Duro (1982), Abraçado ao meu rancor (1986) e Paulinho perna torta (1975), percebe-se a existência de uma crítica velada, escondida a partir de mecanismos e ferramentas de linguagem, que denunciou a violência e a repressão do governo ditatorial que dominou o Brasil entre 1964 e 1985. Partindo dessa proposta, conhecemos três tipos de “malandros” descritos por João Antonio, que servem como olhares e percepções diversas sobre o que foi viver este período. Exploram, em uníssono dessa vez, o lado desagradável que não era exibido para o grande público graças à censura e representam, para além de um simulacro, os homens, mulheres e profissionais do jornalismo e da literatura que precisaram esconder suas críticas para sobreviver no ambiente tóxico e censurado do período.
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