Resumen: A los veinte años de la entrega del informe final de la Comisión de la Verdad y Reconciliación del Perú (2003), conviene prestar atención a las trayectorias de agencia política de los líderes y lideresas de las organizaciones de víctimas ayacuchanas, precisamente la zona donde se desataron la mayor violencia y violaciones a los derechos humanos. Más aún cuando no hay consenso sobre lo ocurrido y siguen presentes en el debate político -con alta visibilidad- los actores del fujimorismo, mientras que las víctimas y sus asociaciones carecen de la misma atención mediática y de vínculos políticos. Este artículo tiene como objetivo analizar los cambios en la actoría política de los/as dirigentes de estas organizaciones ayacuchanas en el Perú del posconflicto y su incidencia en las formas de relacionamiento con el Estado. Con este fin, se adopta una metodología cualitativa basada en el trabajo de campo en Ayacucho y en entrevistas a actores clave. Se encontró que tales asociaciones han atravesado un recambio generacional, han ganado ciertas capacidades organizacionales (con variaciones internas de acuerdo a las trayectorias y experiencias en incidencia política) y han aprendido a entretejer una coalición prorreparaciones con actores variados -ONG, iglesias, cooperación internacional, algunas agencias estatales en sus múltiples niveles de gobierno y funcionarios- para promover las políticas de reparación y memoria. En este proceso de incidencia han desarrollado nuevos modos de relacionarse con el Estado sin la intermediación de las ONG: dejando de verlo como distante y siendo reticentes a la colaboración, para aceptarlo como una instancia de trabajo conjunto, de cabildeo e, incluso, asumir posiciones burocráticas para promover su agenda, sin que esto implique la superación de la desconfianza.
Abstract: Twenty years after the delivery of the final report of the Peruvian Truth and Reconciliation Commission (2003), we should pay attention to the trajectories of political agency of the leaders of Ayacucho victims’ organizations, precisely the area where the greatest violence and human rights violations were unleashed. This is especially true when there is no consensus on what happened and when the fujimorismo actors are still present -and highly visible- in the political debate, while the victims and their associations lack the same media attention and political links. In this article, we analyze the changes in the political agency of the leaders of these Ayacucho organizations in post-conflict Peru and their impact on their relationship with the State. To this end, we adopted a qualitative methodology based on fieldwork in Ayacucho and interviews with key actors. We found that such associations have gone through a generational change, have gained certain organizational capacities (with internal variations according to trajectories and experiences in political advocacy), and have learned to weave a pro-reparations coalition with various actors -NGO, churches, international cooperation, some state agencies at multiple levels of government, and officials- to promote reparations and memory policies. In this advocacy, they have developed new ways of relating to the State without the intermediation of NGO: no longer seeing it as distant and reluctant to collaborate, but accepting it as an instance of joint work, lobbying, and even assuming bureaucratic positions to promote their agenda, without this implying an end to mistrust.
Resumo: Aos 20 anos da entrega do relatório final da Comissão da Verdade e Reconciliação do Peru (2003), convém prestar atenção às trajetórias de agência política da liderança das organizações de vítimas ayacuchanas, especificamente a área onde a maior violência e violações dos direitos humanos ocorreram. Mais ainda quando não há consenso sobre o ocorrido e continuam presentes no debate político - com alta visibilidade - os atores do fujimorismo, enquanto as vítimas e suas associações carecem da mesma atenção midiática e de vínculos políticos. Este artigo tem como objetivo analisar as mudanças no agir político dos/as diretores/as dessas organizações ayacuchanas no Peru do pós-conflito e sua incidência nas formas de relacionamento com o Estado. Com esse objetivo, é adotada uma metodologia qualitativa baseada no trabalho de campo em Ayacucho e em entrevistas com atores-chave. Constatou-se que essas associações vêm atravessando uma “remudança” geracional, ganhando certas capacidades organizacionais (com variações internas de acordo com as trajetórias e experiências em incidência política) e vêm aprendendo a entrelaçar uma coalização em prol de reparações com atores variados - ONG, igrejas, cooperação internacional, algumas agências estatais em seus múltiplos níveis de governo e funcionários - para promover as políticas de reparação e memória. Nesse processo de incidência, novos modos de se relacionar com o Estado sem a intermediação das ONG vêm sendo desenvolvidos: deixando de vê-lo como distante e sendo reticentes à colaboração para aceitá-lo como uma instância de trabalho conjunto, de lobby, e inclusive para assumir posições burocráticas a fim de promover sua agenda, sem que isso implique a superação da desconfiança.
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