A metáfora do pintor em Platão, República 10

• Maria do Céu Fialho ^[1]
  1. [1] Universidade de Coimbra
• Localización: Rétor, ISSN-e 1853-6034, Vol. 12, Nº. 2, 2022, págs. 1-14
• Idioma: portugués
• Títulos paralelos:
  • The metaphor of the painter in Plato, Republic 10
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• Resumen
  • español

    La elaborada construcción de la República avanza, paso a paso, hasta una conclusión final, irrefutable para los interlocutores de Sócrates, en la construcción de la ciudad ideal: la mímesis y, en particular, el teatro trágico no tienen cabida en esta ciudad, por su vacío ontológico y por la ilusión y consiguiente desviación de la razón. Sin embargo, el Sócrates platónico argumenta recurriendo frecuentemente a metáforas, a alegorías. La estructura misma del libro 1 sugiere, por anticipación poética, el curso de la ‘acción’ dialógica. En otras palabras: el lector u oyente aprecia cómo el Filósofo recurre a lo que rechaza, rindiéndose a su encanto y consciente de su carga persuasiva. Por tanto, en función de comprender cómo el teatro (la tragedia) queda excluido de la ciudad perfecta, propongo seguir el hilo de la discusión y los pasos de la argumentación que parecen contener el vicio y la contradicción deliberados para llegar a la eliminación del arte mimético (versus teatro) de la polis perfecta, sustentada en un decisivo argumento de analogía: el de la devaluación ontológica de la pintura, como mimesis de las apariencias. A lo largo del recorrido dialógico, sin embargo, si el poder de persuasión se deriva de la apelación a la inteligencia (noesis) y al entendimiento (dianoia), a través de la lógica argumentativa, también se deriva de la fuerza de la sugerencia de los recursos poéticos. Es, después de todo, este mismo proceso de persuasión el que lleva a Sócrates a admitir la retórica epidémica de la poesía en elogio de los hombres ilustres y los héroes de la ciudad. Ahora bien, esto constituye el espacio paradójicamente abierto a precisamente lo que Sócrates advierte como un peligro: el encanto de lo impreciso, que escapa a una evaluación juiciosa. Este es el caso y la función de recurrir a la desarrollada metáfora de la pintura, preparando la desvalorización de este arte recurriendo al argumento comparativo del espejo. Al fin y al cabo, la imaginería artística deleita y refuerza la adhesión del lector a la propuesta platónica, en una dinámica que se condensa fácilmente en delectare, mouere, docere.

  • English

    The elaborate construction of the Republic progresses, step by step, to a final conclusion, irrefutable for Socrates’ interlocutors, in the construction of the ideal city: mimesis and, in particular, the tragic theatre have no place in that city, for its ontological emptiness and for the illusion and consequent deviation of reason. However, the Platonic Socrates argues with frequent recourse to metaphors, to allegories. The very structuring of book 1 suggests, by poetic anticipation, the course of the dialogical ‘action’. In other words: the reader or listener will appreciate how the Philosopher resorts to what he rejects, surrendering to its charm and aware of its persuasive charge. I propose, then, in the matter of understanding how theatre (tragedy) is excluded from the perfect city, to follow the thread of argument and the steps of argumentation that seem to contain deliberate vice and contradiction to arrive at the elimination of mimetic art (versus theatre) from the perfect polis, supported by a decisive argument of analogy: that of the ontological devaluation of painting, as mimesis of appearances. In the whole dialogical journey, however, if the power of persuasion derives from the appeal to intelligence (noesis) and understanding (dianoia), through argumentative logic, it also derives from the force of the suggestion of poetic resources. It is, after all, this same process of persuasion that leads Socrates to admit in the city the epidictic rhetoric of poetry of praise to illustrious men and heroes. Now this constitutes the space paradoxically open to what Socrates warns about as a danger: the charm of the imprecise, which escapes judicious evaluation. This is the case and the function of the recourse to the developed metaphor of painting, prepared to devalue this art by resorting to the comparative argument of the mirror. After all, artistic imagery delights and reinforces the reader’s adherence to the Platonic proposal, in a dynamic that is easily condensed into delectare, mouere, docere.

  • português

    A elaborada construção da República progride, passo a passo, até uma conclusão final, irrefutável para os interlocutores de Sócrates, na edificação da cidade ideal: a mimese e, em particular, o teatro trágico não têm lugar nessa cidade, pelo seu vazio ontológico e pela ilusão e consequente desvio da razão. Todavia, o Sócrates platónico argumenta com frequente recurso a metáforas, a alegorias. A própria estruturação do livro 1 sugere, por antecipação poética, o curso da ‘acção’ dialógica. Ou seja: o leitor ou ouvinte vai apreciando como o Filósofo recorre àquilo que rejeita, rendido ao seu encanto e consciente da sua carga persuasiva. Proponho-me, pois, em matéria de compreensão de como o teatro (a tragédia) é excluído da cidade perfeita, seguir o fio da discussão e os passos de argumentação que parecem conter deliberado vício e contradição para se chegar à eliminação da arte mimética (versus teatro) da pólis perfeita, apoiada num argumento de analogia decisivo: o da desvalorização ontológica da pintura, como mimese de aparências. Em todo o percurso dialógico, porém, se o poder da persuasão decorre do apelo à inteligência (noesis) e ao entendimento (dianoia), pela lógica argumentativa, decorre, também, da força da sugestão de recursos poéticos. É, afinal, este mesmo processo de persuasão que leva Sócrates a admitir na cidade a retórica epidíctica da poesia de encómio a varões ilustres e a heróis. Ora esse constitui o espaço paradoxalmente aberto àquilo, precisamente, para que Sócrates alerta como perigo: o encanto do impreciso, que escapa à avaliação judiciosa. Eis o caso e a função do recurso à metáfora desenvolvida da pintura, preparada a desvalorização desta arte pelo recurso ao argumento comparativo do espelho. Afinal, a imagética artística deleita e reforça a adesão do leitor à proposta platónica, numa dinâmica que facilmente se condensa em delectare, mouere, docere.