O artigo desenvolve o argumento de que a cooperação é uma característica natural dos seres humanos, resultante da interação entre a dimensão biológica e social no curso evolutivo da nossa espécie. Contrariando o darwinismo social, inúmeros estudos recentes corroboram a abordagem evolucionista inaugurada por Kropotkin do mutualismo como principal fator da evolução humana. Tal abordagem desafia os cânones predominantes ainda hoje no direito, na economia e na política, que oscilam entre o Leviatã e o mercado. Para sustentar a tese da índole cooperativa da nossa espécie são apresentadas evidências de pesquisas da biologia, da neurociência, da psicologia e das ciências sociais sobre as bases bio-psicossociais da cooperação: vínculos sociais, necessidades básicas, empatia e predisposição altruísta. O texto desdobra-se em cinco tópicos. Inicialmente são expostas as teses do egoísmo natural e da sociabilidade; em seguida, são explicitados os conceitos de vínculos sociais, necessidades básicas, empatia e altruísmo; depois, as diversas formas de cooperação; e, por derradeiro, indicativos sobre transformações sociopolíticas necessárias à vigência de um paradigma colaborativo em políticas públicas. O método é histórico-crítico e a técnica de pesquisa é bibliográfica.
The article develops the argument that cooperation is a natural trait of human beings that accompanies the long process of evolution of our species, resulting from the interaction between the biological and social dimension. Contrary to social Darwinism, numerous recent studies corroborate Kropotkin's evolutionist approach that mutualism is the main factor in human evolution. Such an approach challenges the canons still prevailing in law, economics and politics, which oscillate between Leviathan and the market. To support the thesis of the cooperative nature of our species, the text presents evidence from researches in biology, neuroscience, psychology and social sciences on the bio-psychosocial bases of cooperation: social bonds, basic needs, empathy and altruistic predisposition. The text unfolds in five topics. Initially the theses of natural egoism and sociability are exposed; then the concepts of social bonds, basic needs, empathy and altruism are explained; then the various forms of cooperation; and, lastly, indicative of sociopolitical transformations necessary for give effect of a collaborative paradigm in public policies. The method is historical-critical and the research technique is bibliographical.
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