Numa revisão critica da bibliografia sobre o chamado 'profetismo tupi-guarani', as obras 'clássicas' são recolocadas - sem desconhecer seu porte cientifico - nos contextos intelectuais que as produziram e que determinaram preocupações cientificas, aproches metodológicos e conclusões explicativas. O artigo examina as duas grandes linhas interpretativas elaboradas pela tradição antropológica: a que pressupõe a existência de um 'misticismo' endógeno tupi-guarani e a que define o fenômeno em termos de reação à situação de contacto. Uma e outra dependem menos de evidências documentais do que de posições teórico metodológicas caracteristicas de especificas escolas antropológicas. São analisados, também, os fundamentos do 'discurso de autoridade', estabelecido pelo cruzamento das fontes historiográficas com as informações etnográficas. Este cruzamento leva a um tratamento forçoso dos dados, pois explica a cultura tupinambá do início da colonização pela cultura guarani modema, pressupondo uma única 'cultura tupi-guarani', imóvel nos séculos, que mantém o núcleo irredutivel do seu 'ser" no Mito da Terra sem Mal.
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