Resumen de “A morte já não mata”: Epistemes comunicacionais, culto aos mártires nas CEBs e contradições sociais no Brasil

Gibran Luís Lachowski, Yuji Gushiken

• English

  In this article, we deal with the social practices of Basic Ecclesiastical Communities (CEBs) in Brazil, more specifically regarding the process of updating utterances as communicational epistemes, with a focus on the cult of the martyrs of the journey. We aim to problematize the revolutionary potential of this cultural practice in the face of the epistemic landmarks of modernity, that are based on a European-American civilization model of colonial and capitalist order. The methodological procedure we used was of an ethnographic character, expressed by the compilation of field incursions between 2016 and 2021, mainly in the state of Mato Grosso (MT), Central-West of Brazil, made possible by participant observation. Among the results are the understanding that the cult of the martyrs of the journey in the Basic Ecclesiastical Communities corresponds to a process of becoming aware of contemporary social contradictions. The conclusion points to the decolonial potential of this cult insofar as its organizers and participants produce a universe of meanings in the conjunction of popular religiosity with a socio-religious practice whose sacredness politicizes the demand for the construction of a critical and alternative reality to the world project of modernity.

• português

  Tratamos neste artigo das práticas sociais das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) no Brasil, mais especificamente quanto ao processo de atualização de enunciados como epistemes comunicacionais, com foco no culto aos mártires da caminhada. Objetivamos problematizar o potencial revolucionário desta prática cultural diante dos marcos epistêmicos da modernidade, que se assentam num modelo civilizatório europeu-estadunidense de ordem colonial e capitalista. O procedimento metodológico que utilizamos foi de caráter etnográfico, expresso pela compilação de incursões em campo entre 2016 e 2021, principalmente no estado de Mato Grosso (MT), Centro-Oeste do Brasil, viabilizado pela observação participante. Entre os resultados estão a compreensão de que o culto aos mártires da caminhada nas Comunidades Eclesiais de Base corresponde a um processo de dar-se consciência das contradições sociais na contemporaneidade. A conclusão aponta para a potencialidade descolonial deste culto na medida em que seus organizadores e participantes produzem um universo de significados na conjunção da religiosidade popular com uma prática sociorreligiosa cujo sagrado politiza a demanda pela construção de uma realidade crítica e alternativa ao projeto de mundo da modernidade.