A presente investigação teve com objetivo analisar as perceções e impactos das narrativas mediáticas do femicídio na intimidade a partir das representações de profissionais que intervêm com vítimas, nomeadamente Órgãos de Polícia Criminal e Técnicos/as de Apoio à Vítima. A recolha dos dados realizou-se através de entrevistas semi-estruturadas a 25 profissionais a nível nacional, 11 do sexo feminino e 14 do sexo masculino, com uma média de idades de 42 anos (SD=7.05). Da análise temática realizada emergiram discursos que sublinham a proliferação do sensacionalismo que reveste estas narrativas, alertando para o seu potencial mimético nas pessoas agressoras, assim como a inibição do pedido de ajuda junto de vítimas e a construção social enviesada do femicídio na intimidade.Assentes nas representações dos/as entrevistados/as, foram listadas recomendações para a cobertura noticiosa deste crime, destacando-se a urgência em definir o rigor jornalístico como matriz subjacente à produção noticiosa. Também evidenciada a necessidade em formar e especializar jornalistas na temática e recomendada ainda uma abordagem positiva, relevando-se antes casos de mulheres que sobreviveram e casos de superação do histórico de vitimação.As perceções e impactos problematizados pelos/as participantes vão de encontro ao relatório nacional de acompanhamento do grupo de peritos/as independentes para avaliação da execução da Convenção de Istambul, que assinala a necessidade em uniformizar conhecimentos e procedimentos, reconhecendo que a cobertura mediática varia em função das crenças, nível de formação e interesses pessoais dos/as jornalistas (Grevio, 2019). Percebe-se assim a imprescindibilidade no respeito pelos princípios éticos e deontológicos da comunicação, à qual deve associar-se uma regulação robusta e um consumo mediático crítico, reflexivo e consciente –literacia crítica mediática
This investigation paper intends to analyze perceptions and impacts from media narratives about intimate partner femicide (IPF) starting from the discourses of support/intervention professionals that work closely with intimate partner violence (IPV) victims, concretely, Criminal Police Professionals and Victim’s Support Technicians. The data collection was realized through semi structured interviews with 25 professionals in a national level, 11 females and 14 males, with an average age of 42 years (SD=7.05). The discourses emerged from the thematic analysis, underline the sensationalism proliferation that characterizes these narratives, making aware to its copycat potential in intimate partner violence perpetrators, as well as inhibits victims seeking help and skew the IPF social construction.
Based on the participants representations, media coverage for IPF recommendations were listed, highlighting the importance in defining accuracy as the foundation of media coverage. Also underscored the urge in training and specialize journalists in gender violence as well as recommended a positive approach, emphasizing cases of women who survived IPF attempts and women who overcame their victimization processes.
The representations shared by the participants converge with the national report from the Group of Experts on Action against Violence against Women and Domestic Violence that monitories the Istanbul Convention execution, pointing out the necessity in standardizing knowledge and procedures regarding to gender violence, acknowledging that media coverage varies according to beliefs, training, and personal interests of journalists (GREVIO, 2019). Therefore, it is recognized the urgency in promoting an ethically compromised journalism, adding to an effective regulation and a critical, conscient and reflexive media consumption – critical media literacy.
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